segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

"breve, uma nova praça"

Com a "poda" (ou mutilação) a rotatória "ganha vida"...






Uma placa no centro do local que foi a bela praça Yves Mathieu, diz algo mais ou menos assim: "breve, uma nova praça". Mas onde está a nova praça? O que se vê no local é somente mais uma estéril rotatória que a mesma placa explica que melhorará o trânsito local. Não duvidamos disso mas onde está a nossa praça prometida? Uma rotatória só serve para os carros, vivemos em cidades pensadas para os veículos automotores, principalmente carros, isto é, para tudo que utilize o precioso petróleo, causa de tantas guerras e enriqueça ainda mais as montadoras de veículos em detrimento de soluções de transporte coletivo. Mas o direito à cidade é de quem, das pessoas ou dos carros, que entopem nossas ruas, poluem o ar, contribuem para o aquecimento global e aqui, em nossa Caeté, tomam os passeios que são dos pedestres, com a omissão da prefeitura e com a cara-de-pau de comerciantes que se apropriam do espaço público? Isto é algo que precisa ser discutido com mais profundidade, mas voltemos à rotatória e à prometida praça. É certo que o povo de Caeté perdeu mais um espaço de encontro e mais uma área verde, que aliás vão rareando cada vez mais, parte pela expansão imobiliária, parte pelo descaso da população e principalmente pela ausência de uma política ambiental e de planejamento urbano por parte do executivo. Por exemplo, na época da destruição da praça o site da prefeitura (www.caete.mg.gov.br/mat_vis.aspx?cd=6543) dizia: "A praça receberá uma rotatória, que vai ganhar vida junto ao recapeamento da Avenida João Pinheiro (...) Serão replantadas, ainda no local, árvores adequadas para via (...)". Parece que esse projeto já começou, vejam a poda (ou será mutilação) promovida pela prefeitura que as árvores da orla da João Pinheiro, bem perto da nova rotatória, estão sofrendo, prática reiteradamente criticada pelo MACACA, mas que se tornou rotineira (merecem o troféu motoserra-de-ouro). Será incompetência ou simplesmente falta de sensibilidade para com seres tão importantes para a vida e o bem estar das pessoas desta cidade.


Praça, s.f. Lugar público aberto, e sem edificações, cercado de casas e outras construções: Perto da minha casa há uma praça com jardins, bancos e brinquedos para crianças (Aurélio, 1989).

Praça, s.f. Uma praça é um espaço quadrado ou redondo numa cidade ou num bairro onde tem árvores, plantas, bancos de madeira, brinquedos, para as pessoas descansarem e as crianças brincarem (Aulete, 2005).

Conforme os dicionários, praça não é rotatória, portanto, a prefeitura nos deve uma praça e muitas áreas de lazer e convivência (além das muitas árvores que foram cortadas e mutiladas).

2 comentários:

Vascão disse...

Em 1989, durante o primeiro mandato, começaram a cortar as árvores na Rua Presidente Kennedy, perto da Praça osé BRandão, e as alegações eram as mesmas. Iriam colocar ali uma praça com novas árvores mais adequadas, que as árvores ali existentes estavam velhas, etc, etc ...... Achei absurda a situação e quando restava apenas uma, a maior que fica ao lado de meu trailler, eu escrevi um artigo que foi publicado nos jornais. A árvore permanece lá. Até quando eu não sei, pois infelizmente elas não tem braços, nem as mesmas armas da prefeitura para se defender... é uma pena.

Vascão do pastel

Venho a público implorar para que minha vida não seja cortada.
Aqui nasci e vi Caeté crescer. Acompanhei seus anos de glória e sua derrocada com o fechamento da Companhia. Muitos choraram, sorriram e namoraram perto de mim. Sempre em silêncio cumpri minha função. Eu e minhas companheiras mais novas nos orgulhamos do abrigo e alimento que proporcionamos a tantas criaturas que todo dia nos visitam. Somos testemunhas do nascimento de novos seres todos os anos.
Sei que talvez em virtude da falta de cuidados que as pessoas têm me dispensado, ultimamente pedaços meus lançados ao vento têm incomodado meus vizinhos, mas, nasci e cresci tendo espaço para me expandir e lançar minhas sementes e folhas. Não existiam tantas ruas e casas ao meu redor.
Não é justo que agora depois de tantas décadas seja covardemente assassinada e no meu lugar seja colocada uma outra mais nova, mais forte.
Sinto-me como uma mulher idosa traída e trocada por uma moça mais nova.
Sei que minhas flores lançadas ao chão no fim da primavera, minhas folhas secas e meus galhos velhos e quebradiços incomodam alguns de vocês, mas a fumaça de vossos carros, o barulho de vossos aparelhos eletrônicos também me incomoda.
Não sou do tamanho de uma Serra da Piedade mas se não sou patrimônio de Minas Gerais me sinto patrimônio de cada passarinho ou borboleta que durante décadas e décadas ajudei a preservar.
Não permitam que um abaixo assinado feito pelos moradores da rua decida sobre minha vida ou morte pois todos aqueles animais que dependem de mim infelizmente não sabem escrever para se manifestarem contra tal absurdo.
Não permitam que aconteça comigo e minhas companheiras o que aconteceu com as árvores que ornamentavam a calçada lateral da garagem da Saritur.
Se estivermos fracas, nos adubem. Se estivermos com galhos quebradiços, nos podem.
Quantas décadas levarão para que novas árvores consigam atingir o tamanho e a beleza que possuímos.
Sou grata a este moço, muitas vezes duro e rabugento, que montou um trailer na sombra de meus galhos para vender pastéis, pois através dele estou manifestando meu emocionado apelo:
Por favor não me matem somente porque estou velha e provoco muita sujeira!


Porta voz de uma velha árvore da Rua Pres Kennedy
José Brandão

Unknown disse...

Perdemos uma praça arborizada, onde pessoas se socializavam, para a contrução de uma rotatória que nos deixou a sensação de "deserto" naquela região. E o pior é que não houve consulta popular para tal atitude, passando por cima do carinho que a população tinha em relação a esse espaço.
É, a prefeitura no deve uma praça e cabe a nós cobrarmos...