domingo, 3 de novembro de 2013

Serra da Piedade: para recuperar precisa minerar?







Fotos: Macaca

A audiência pública em Sabará, realizada no dia 31 de outubro pela SUPRAM para expor o licenciamento da recuperação da área degradada pela mineração na Serra da Piedade a ser feita pela AVG, sucessora da Brumafer, resultado do acordo judicial na ação civil pública que paralisou as atividades em janeiro de 2006 e que deveria ser a penalidade por um crime ambiental ministrado à vista de todos contra a Serra da Piedade, sede da Padroeira de Minas Gerais e Patrimônio Tombado em níveis municipal, estadual e federal, ou seja, a recuperação da área degradada,  se transforma num consenso, cuja proposta é minerar para recuperar dentro de um licenciamento de Classe 5 (grande potencial poluidor e degradador) para lavra com tratamento a úmido, pilhas de rejeito e estéril, 12 km de estradas para transporte de minério e unidade de tratamento de minério. 

Ela trouxe à luz vários aspectos das relações de poder e dinheiro que envolvem o setor minerário em nosso Estado, que interferem até em decisões do que deveria ser a justiça, apesar do empenho dos autores da ação - MPMG, MPF e IPHAN – ao longo dos seis anos em que a ação tramitou. O que deveria ser a penalidade por um crime ambiental cometido pela Brumafer contra a Serra da Piedade e a exigência da recuperação da área sem nenhum outro impacto, se transformou em um acordo em que se admite o crime cometido, absurdamente sem punições e se propõe voltar a minerar para recuperar e fechar a mina. Um crime cometido à vista de todos, com o apoio de setores e cidadãos de Caeté como a ACIAC e o ex-prefeito Ademir de Carvalho, além da conivência ou omissão dos órgãos que deveriam zelar para que não fosse cometido,

O projeto da AVG prevê 15 anos de “recuperação” com mineração e aproveitamento econômico, na área que foi degradada pela Brumafer num período de oito anos de lavra predatória, sem nenhum critério técnico, como o representante da própria AVG afirmou. Mesmo que uma das diversas cláusulas do acordo seja manter intacta a linha de cumeada da Serra da Piedade, haverá graves impactos para a área do entorno e sobre a fauna, flora, cavernas e nascentes das vertentes da Serra da Piedade (tanto em Caeté como em Sabará), o próprio Santuário, as comunidades de Quintas da Serra, Condomínio dos Cedros e Ravena, principalmente devido à poeira, interferência no solo e transito de caminhões.

Segundo o representante do Sindiextra, D. Walmor, arcebispo de Belo Horizonte, foi elemento fundamental para que este acordo fosse selado, no qual estão diversas “medidas compensatórias”, entre as quais R$ 2.milhões de reais para “sinalizar” o Santuário de N. Sra. da Piedade. Perguntamos: como é possível a Arquidiocese apoiar este acordo, depois de 50 anos de atuação de Frei Rosário para proteger a Serra da Piedade contra a mineração e de seis anos de coerência e coragem de muitos padres, paróquias, comunidades católicas e da Reitoria do Santuário no período de 2001 a 2007 na sua defesa contra as pretensões da mineração?

Foi curioso que, mesmo a audiência pública sendo realizada em Sabará, sendo que o Macaca foi a única entidade que tentou trazê-la para Caeté, os mesmos setores e cidadãos de nossa cidade que defendiam a continuidade do crime ambiental cometido pela Brumafer estavam presentes em peso e mais uma vez aplaudiram a chegada da mineração na Serra da Piedade, desta vez a AVG, com faixas, falas e muitas palmas a favor do empreendimento.
  
Para nós do MACACA, uma das entidades que faz parte do SOS Serra da Piedade, não faz o menor sentido retomar a atividade minerária na Serra da Piedade, Monumento Natural de Minas Gerais e Patrimônio Cultural, Paisagístico e Religioso do povo mineiro, mesmo com a proposta de recuperar o passivo. Acreditamos que existem outras possibilidades a partir de modernas tecnologias dentro da engenharia associada à arquitetura, paisagismo e biotecnologia, responsáveis no Brasil e no mundo por obras de contenção e recuperação muito mais complexas do que o passivo na Serra da Piedade. Mas as relações de poder e dinheiro que envolvem o setor minerário boicotaram essa possibilidade para alcançar seus objetivos.

Diante deste quadro, estamos de volta na defesa da Serra da Piedade e convocamos todos vocês que participaram intensamente do SOS Serra da Piedade (2001 a 2006) e todos de forma geral a somar a mais esta luta contra a voracidade da atividade de mineração, que não abre mão nem de um dos maiores ícones da nossa história, cultura, religiosidade e paisagem.


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Serra da Piedade: mineração outra vez?

Foto: Alice Okawara

Hoje, 31 de outubro, acontecerá às 19 horas em Sabará a Audiência Pública da AVG para licenciamento ambiental para extração de minério na Serra da Piedade. Mas como?A Serra não é tombada?  Pode perguntar o leitor que, com certeza, será acompanhado pela maioria dos caeteenses. que ficarão também perplexos com a notícia. Um ou outro que tenha acesso aos Estudos ou ao Relatório de Impacto Ambiental poderá argumentar: mas observem, não é mineração, é reabilitação da área degradada da Serra da Piedade, está escrito aqui na capa! Mas ao abrir os volumes verá que a contradição entre o título e o conteúdo é enorme, lá dentro está claro que é mineração como estamos acostumados a ver por Minas Gerais afora. Mas como se chegou a isso, um retrocesso depois de anos de luta do S.O.S. Serra da Piedade e muitas leis nas esferas federal, estadual e municipal para a proteção do nosso maior patrimônio. A história é longa e demonstra que o degradador sempre se aproveita de brechas e oportunidades para alcançar seus objetivos, mesmo que venham revestidos de legalidade e ostentando formas palatáveis aos olhos de muitos.
Após o fechamento da Mineração Brumafer, de triste memória, em meados da década de  2000, três agentes públicos, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Ministério Público Federal e Ministério Público de Minas Gerais entraram com Ação Civil Pública contra a empresa para que recuperasse as áreas degradadas pela atividade como determina a lei. No decorrer da ação que foi para a Justiça Federal - as coisas quando vão para justiça tendem a tomar caminhos inimagináveis, lembrem-se do recente julgamento do mensalão -  a Brumafer foi adquirida pela AVG Empreendimentos Minerários, empresa controlada do grupo MMX do Sr. Eike Batista que assumiu o passivo ambiental  deixado por sua antecessora. Durante as audiências do processo, sem a participação do movimento ambiental, a AVG argumentou que só seria possível recuperar a área minerando, isso é, aumentando ainda mais os impactos sobre o lugar, já bastante degradada pela atividade anterior, causando perplexidade entre os defensores da Serra da Piedade que acreditavam e acreditam ser possível somente a recuperação com um mínimo de interferência sobre a paisagem, um dos pilares que fundamenta o tombamento. A empresa apresentou alguns cenários e dentre os mesmos foi escolhido o que restringia as atividades de mineração às áreas já degradadas, mesmo que a AVG e o Departamento Nacional d Produção Mineral se esforçassem para que fosse minerada toda a encosta norte da Serra da Piedade, isso é, a que dá vista para a BR-381. O acordo foi feito e determinado a abertura de licenciamento junto aos órgãos do Estado, sendo que a Audiência é uma das etapas obrigatórias que deve contar com ampla participação popular e por esse motivo estranha-se a realização da mesma somente no município de Sabará, mesmo que Caeté seja também afetado e tenha uma profunda relação com a Serra desde o período colonial. Para Caeté sequer foram enviados os estudos completos de impacto ambiental, somente o relatório, documento insuficiente para análise, o que já demonstra pouca atenção para a cidade ou o temor da empresa que venha ao conhecimento público as reais dimensões do projeto. O que Caeté ganhará entregando seu maior patrimônio para exploração minerária durante quinze anos, fora alguns empregos dos quais não poderá assegurar serem para seus moradores, o que mais? Há de se levantar o papel de algumas instituições nesse processo, como o da igreja que recebeu a benesse no acordo de significativos R$2 milhões para obras no santuário, do Estado, municípios e até mesmo da Vale que pediu o cancelamento do tombamento federal em certo momento. 
Mais uma vez a Serra encontra-se ameaçada, mesmo que tudo pareça dizer que não.

Fonte: Termo de Acordo - Processo 2005.38.00,038724-5 (Justiça Federal, 14/12/2011)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A gente entende do São Francisco



Carta da II Plenária da Articulação Popular São Francisco Vivo

A gente entende do São Francisco. Nós, 43 representantes dos Povos das Terras e das Águas do Velho Chico, passamos três dias reafirmando isso. Viemos das beiras dos rios dos cerrados, caatingas e veredas, das ilhas e barrancas, da roça e da cidade. Das Minas Gerais e da Bahia, de Pernambuco, de Sergipe e de Alagoas. Realizamos a II Plenária da Articulação Popular São Francisco Vivo, em Feira de Santana, na Bahia, de 27 a 29 de setembro de 2013.  A memória saudosa do fotógrafo João Zinclar e do líder quilombola Elson Ribeiro Borges nos animou ao compromisso fiel.
Nos locais onde vivemos, todos os dias, enxergamos o nosso povo a entranhar-se neste Vale como água. Correndo para o grande rio, como o São Francisco corre para o mar, com esperança de vida. Como árvore, vai em busca das raízes, a nutrir identidade e frutificar.
O que as ciências têm dito da situação do rio nos deixa alarmados. Dizem que ele está condenado e em 30 anos passará a ser intermitente. Nossos olhos comprovam, vemos menos água e mais areia. Hoje são as “croas” que traçam o desenho do rio assoreado. Ele está cada dia mais raso, coado, fraco, agrotóxicos e metais pesados no lugar de peixes. A cada dia exige mais esforço da gente pra dar conta do viver dependente de sua natureza degradada. A cada dia também nos cobra mais determinação na luta em sua defesa, a dar o grito por ele.
Empreendimentos do capital se multiplicam, mais intensos em destruir bens naturais e humanos com todo tipo de impactos socioambientais. A mineração, antes mais em Minas Gerais, hoje se espalha por todo canto, a gerar fabulosos lucros de exportação e a deixar estragos irreparáveis. Os parques eólicos imensos - falsa “energia limpa” - estão sendo impostos sobre vastos territórios da Serra Geral, na Bahia, avassalando comunidades camponesas. As barragens, grandes ou pequenas, públicas e privadas, inúmeras, significam morte certa para os rios. Energia barata com alto custo natural e social, impagável.
Dizem que é o progresso chegando, agora com o nome de “crescimento”. Já ouvimos esta pregação outras vezes e, de novo, é mentira. Promessas de emprego e renda, dinheiro e impostos. E demos com a cara em grandes plantios de eucaliptos, desmatamento, nascentes e rios destruídos. Em perímetros públicos de irrigação para empresas privadas endividadas e sustentadas pelas facilidades governamentais. Agora anunciam desastrosa exploração de gás de xisto no Norte de Minas, no Oeste da Bahia e na foz e funesta usina nuclear em Itacuruba, Pernambuco.
A transposição das águas do São Francisco para o Nordeste Setentrional é aquilo mesmo que dizíamos: ralo de dinheiro público e atrativo de votos em toda eleição, as últimas e as que virão. Canais rachados, túnel caído, empregos desfeitos, quase 9 bilhões de reais consumidos e esperanças vãs alimentadas. Comprovada também, nesta seca prolongada, que o que salva o povo sertanejo, os rebanhos e as caatingas são as iniciativas populares de Convivência com o Semiárido.  A revitalização do rio, barganhada pela transposição, não vai além do programa Água para Todos e do esgotamento sanitário limitado, inconcluso e superfaturado.
A tristeza de ver o rio caminhando para morte, sob a irresponsabilidade geral, não nos desanima. As dez experiências de luta trazidas para a Plenária - por territórios tradicionais, no enfrentamento dos projetos degradantes e na busca por revitalização da Bacia do São Francisco - revelaram que a esperança de vida do rio e de sua gente está na resistência e nas iniciativas do povo organizado, mobilizado e articulado. A revitalização do rio é obra para todas as mãos, mas interessa primeiro aos pobres que visceralmente dele dependem e por ele se levantam. Neste rumo vão as decisões de ação da São Francisco Vivo para os próximos anos: lutas territoriais, enfrentamento dos projetos capitalistas, recuperação de microbacias, saneamento ambiental e consolidação da Articulação. Convocamos a se juntarem a nós os que põem a vida acima do dinheiro. São Francisco Vivo: Terra, Água, Rio e Povo!

Feira de Santana, 29 de setembro de 2013.
Articulação Popular São Francisco Vivo.

sábado, 21 de setembro de 2013

Senhoras Árvores



Hoje é o Dia da Árvore, esta aí para ser lembrado, comemorado e ser motivo de distribuição de mudas e plantios por diversos atores, sejam públicos ou privados. Nada contra esse ato, são válidos, mesmo que muitas vezes sirvam como forma de marketing pessoal ou institucional, com pouco efeito prático para provocar a  reflexão e mudança de atitudes em relação à questões e problemas que afetam a vida de forma geral. O simbolismo do ato não deveria ser esvaziado de sentido, deveria haver uma razão mais profunda, um que de verdade  na ação, uma coerência entre o que se diz e o que se faz. Katya Abreu, representante do agronegócio predatório no senado ou Adriano Magalhães, secretário de meio ambiente do estado que mais devastou a Mata-Atlântica nos últimos dois anos, se tornariam grotescos e risíveis em um ato de distribuição e plantio de árvores. Da mesma forma empresas, governos ou pessoas que contribuem para o agravamento do quadro de penúria socioambiental que se apresenta, ora mais visível, ora disfarçado, mas com as consequências que já são muito evidentes para quase todo mundo, fariam parte da mesma farsa.
 Por aqui, na velha Caeté, talvez as coisas comecem a mudar, pelo menos para as nossas tão combalidas árvores, especialmente no meio urbano, local onde passaram por um longo período de agressões, mutilações e supressões desarrazoadas em ruas, praças e outros locais públicos, condenando ao clima implacável, calor sufocante e baixa umidade. quem ousasse passar por aqueles lugares áridos, simulacros de desertos. desprovidos de vida, onde nem pássaros são vistos, pois sem o elemento de abrigo e alimento fogem para lugares mais acolhedores. 
O vídeo acima, parte de reportagem do jornal Opinião dessa semana, que abordou a questão da arborização urbana foi positiva e talvez em futuro próximo o verde volte às nossas ruas e a esperança associada à cor se estabeleça na construção de uma cidade com melhor qualidade de vida, isso com a presença das senhoras árvores, portadoras da vida.. 

http://capitalnanet.blogspot.com.br/



sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Ação Civil para a APA Sul sair do papel e existir de fato!

Liminar determina medidas de preservação de Área de Proteção Ambiental na RMBH
Ação do MPMG cobra gestão responsável de uma das maiores e mais importantes unidades de conservação da região Central de Minas Gerais
A pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Justiça concedeu liminar determinando que o Estado de Minas Gerais e o Instituto Estadual de Florestas (IEF) tomem uma série de medidas para preservar Área de Proteção Ambiental (APA) Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A decisão, proferida em Ação Civil Pública proposta pelo MPMG no dia 9 de julho, determina a adoção provisória do Zoneamento Ecológico-Econômico da APA Sul elaborado com recursos públicos em 2007; que não sejam concedidas autorização, anuência, dispensa ou licença para a implantação de empreendimentos de mineração, abertura de vias, parcelamento de solo e silvicultura nas áreas de cangas e itabiritos presentes na APA e a suspensão de autorizações para supressão de vegetação nesses locais; a disponibilização à gerência da APA SUL, no prazo de 90 dias, de pelo menos três veículos tracionados para realização de vistorias e vigilância. 

Ao julgamento final da ACP, o MPMG pede que o Estado e o IEF sejam condenados a elaborar e editar o Zoneamento Ecológico-Econômico e o Plano de Manejo da APA Sul RMBH, bem como implantar programas de gestão, conservação e preservação dos atributos naturais e culturais previstos no plano, e infraestrutura para o funcionamento efetivo da APA Sul, como sede própria, servidores, veículos, sinalização, corredores ecológicos e brigadas de incêndio.

Relevância
A APA Sul RMBH é uma das maiores e mais importantes unidades de conservação da região Central de Minas Gerais. Foi criada em 1994 com o objetivo de proteger e conservar os sistemas naturais essenciais à biodiversidade, especialmente os recursos hídricos, presentes em sua extensão. Porém, passados quase 20 anos, o zoneamento ecológico e o plano de manejo não foram elaborados e implantados, o que tem gerado danos reiterados aos seus recursos naturais e culturais.

Para se ter ideia da importância da área de preservação, os mananciais presentes no local respondem pelo abastecimento de água de aproximadamente 70% da população de Belo Horizonte e 50% da população de sua região metropolitana. A APA Sul também abriga uma das maiores extensões de cobertura vegetal nativa contínua do Estado, com mais de 50 mil hectares de remanescentes florestais de Mata Atlântica, além de sítios arqueológicos, cavernas e nascentes.

De acordo com o MPMG, enquanto o Estado não cumpre seu papel, toda essa riqueza natural perece de forma veloz, o que faz com que a APA Sul RMBH não seja mais do que um "parque de papel", sem qualquer efetividade prática.

Quanto à contaminação por tóxicos, por exemplo, o MPMG verificou um comprometimento da qualidade das águas da APA Sul RMBH pela ocorrência do parâmetro arsênio total na porção pertencente à sub-bacia do rio das Velhas. A grande disponibilidade desse elemento nessa região se deve às atividades de mineração, metalurgia e beneficiamento de ouro, o que gera efeitos em quase toda a sua extensão, de forma especial no ribeirão Água Suja, próximo de sua foz, no Rio das Velhas. No local, são recorrentes valores acima do dobro do limite legal.

Recursos financeiros
Segundo apurado pelo MPMG, a falta de infraestrutura para funcionamento da APA Sul não pode ser justificada pela ausência de recursos financeiros por parte do Estado de Minas Gerais. O saldo da conta do Estado onde são depositados os valores arrecadados a título de compensação ambiental (art. 36 da Lei 9.985/2000) e que deveriam ser revertidos para a regularização e gestão das unidades de conservação, em dezembro de 2012, era de aproximadamente R$ 98 milhões.

Entretanto, segundo informações prestadas pelo secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, foram empenhadas, em 2012, despesas de pouco mais de R$ 5 milhões para a regularização fundiária, o que correspondia a apenas 5,36 % do montante disponível.

Em abril de 2013, o valor disponível para investimento nas unidades de conservação era de R$ 111.255.236,78.

Autores da ACP
Assinam a ação, que foi distribuída à 5ª Vara da Fazenda Pública Estadual de Belo Horizonte, os promotores de Justiça Mônica Fiorentino, da Promotoria de Meio Ambiente de Belo Horizonte, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente por Bacias Hidrográficas, e Marcos Paulo de Souza Miranda, coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais.
Fonte: Ministério Público de Minas Gerais  - Superintendência de Comunicação Integrada  

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

PAC Cidades Históricas - Caeté de fora

                               Igreja do Rosário (foto: Macaca)

O governo federal, através da presidenta Dilma, lançou na semana passada o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) para as cidades históricas e seu patrimônio. Os expressivos recursos de R$1,6 bilhão serão aplicados nos próximos três anos na "recuperação e a revitalização das cidades, a restauração de monumentos protegidos, o desenvolvimento econômico e social e dar suporte às cadeias produtivas locais, com a promoção do patrimônio cultural. segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Os  municípios selecionados nesta primeira etapa foram aqueles que preencheram uma ou mais das seguintes condições: possuir bens tombados em nível federal; ser declarados pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade; possuir conjuntos urbanos em situação de risco ao patrimônio edificado; ou serem conjuntos urbanos que constituam marcos no processo de ocupação do território nacional." 
Analisando o acima exposto, Caeté poderia ter sido escolhida, pelo menos por ter bens tombados em nível federal, como por exemplo, a matriz de N. Sra. do Bonsucesso ou a Igreja de N. Sra. de Nazaré, mas pela lista de cidades mineiras contempladas divulgada na página do IPHAN, Caeté não aparece, provavelmente por não ter pleiteado os recursos,  já que o setor cultural e preservação do patrimônio não faziam parte da política do governo anterior que sequer tinha uma secretaria de cultura. Alguns poderão falar que no caso de Minas Gerais os recursos serão destinados à cidades que abrigam conjuntos históricos coloniais expressivos como Ouro Preto e São João Del Rei, mas por outro lado temos Belo Horizonte, a capital com pouco mais de cem anos, mas isso não serve de desculpa, mas serve para demonstrar o descaso com o patrimônio  que vem marcando sucessivas administrações e naturalizando perdas irreparáveis  como a descaracterização do conjunto histórico do centro. A preservação do patrimônio histórico e cultural, pela sua importância, precisa ser política pública continuada, assegurada através da legislação e outros mecanismos, não devendo ficar á mercê da vontade de um governo ou outro. A população precisa também se engajar nessa questão porque diz respeito á sua identidade, á sua cultura e à valorização do lugar onde vivem e os ganhos para todos são muitos, desde a elevação do conhecimento e nível cultural das gerações, ao incentivo á economia local, como por exemplo, através do turismo religioso, histórico e  pesquisa acadêmica.
A possibilidade de se ter recursos através do PAC para as cidades históricas que poderiam movimentar a economia local e restaurar os bens históricos pode estar perdida no momento, mas ainda existe a chance que o governo federal se sensibilize com as cidades que não foram contempladas e talvez Caeté possa se candidatar, fora recursos de outras fontes que não podem ser ignorados, basta que os gestores públicos estejam atentos e preparados. É extremamente necessário que se compreenda que a inflexão na forma de pensamento de um povo se faz, fundamentalmente, através da cultura, a partir dela que um novo paradigma de cidade, positivo e abrangente, pode ser construído.

fontes: http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaInicial.do;jsessionid=B6F34C1FB622D02D57AA903C9AFF4B06

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A pirâmide da riqueza humana tem crescido e se ampliado sobre uma base de pauperização dos ecossistemas. Não é improvável, que em algum momento, a pirâmide possa afundar por falta de sustentação ecológica ou possa implodir por falta de justiça redistributiva em sua arquitetura social.

http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/a-incrivel-piramide-da-desigualdade-global/

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Mineração em Conceição do Mato Dentro - Paralisação Já!

5/07/2013 17h35

Conceição do Mato Dentro quer paralisar mineração na cidade

Apelo foi feito durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos, realizada nesta sexta (5), no município.

Dentre as denúncias apresentadas, estão a de grilagem de terras, assoreamento de córregos e rios, coação da população e destruição do meio ambiente
Dentre as denúncias apresentadas, estão a de grilagem de terras, assoreamento de córregos e rios, coação da população e destruição do meio ambiente - Foto: Alair Vieira
A população de Conceição do Mato Dentro (Região Central do Estado) quer a paralisação do projeto Minas-Rio, desenvolvido pela mineradora Anglo American na cidade. As denúncias dos prejuízos econômicos, sociais e ambientais provocados pelo empreendimento foram abordadas em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta sexta-feira (5/7/13), no município.
“Queremos a paralisação já”, resumiu o representante do Movimento dos Atingidos de Conceição do Mato Dentro, Lúcio Guerra Júnior, aclamado por moradores que lotaram o plenário da Câmara Municipal, onde foi realizada a reunião. “A hora é agora, que venha para a audiência o representante da mineração, o secretário de Meio ambiente”, provocou o representante do Movimento Pelas Serras e Águas de Minas, Gustavo Tostes Grazzinelli, dirigindo sua fala ao presidente mundial da empresa que estava na cidade, visitando o projeto.
Dentre as denúncias apresentadas pelos convidados, estão a de grilagem de terras, assoreamento de córregos e rios, coação da população e destruição do meio ambiente. Todos também reclamaram que não conhecem o processo de licenciamento da empresa. “Um empreendimento que tem 340 condicionantes não pode ser coisa boa”, ironizou o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT).
Parlamentares estimularam manifestações e protestos contra as atividades da mineradora
Parlamentares estimularam manifestações e protestos contra as atividades da mineradora - Foto: Alair Vieira
A deputada Luzia Ferreira (PPS) lembrou que as denúncias já foram objeto de audiência pública da comissão, em maio, em Belo Horizonte. E reclamou que nenhuma resposta foi apresentada pela empresa ou pelo governo acerca dos requerimentos que foram encaminhados solicitando informações. Ela defendeu a pressão da população para que seja dada uma solução ao problema, lembrando da força das manifestações que assolaram o País e destravaram projetos que estavam há anos no Congresso. "Defendo o desenvolvimento, a geração de emprego, mas é preciso que as empresas tenham responsabilidade social e ambiental. É preciso pensar no ser humano em primeiro lugar".
O deputado Rogério Correia (PT) e o deputado federal Padre João (PT-MG) também estimularam manifestações e protestos contra as atividades e os abusos da mineradora. "Ou se faz um movimento real, ou os problemas vão se tornar ainda maiores", advertiu Correia. "É preciso ir às ruas e pautar questões como estas", completou Padre João.
Anglo American é acusada de promover invasões ilegais e ameaçar proprietários de terras
Lúcio denunciou que a empresa invade propriedades, impede moradores de entrarem em suas próprias terras, exerce coação para que outros vendam suas propriedades. A professora aposentada Maria das Graças Drummond Andrade denunciou que a empresa invadiu parte de seu sítio Quinta Vista Bela, no município de São Domingos do Prata, e provocou erosões e danos na propriedade, desvalorizando-a. Em 14 maio, segundo ela, 25 caminhões e 15 seguranças da mineradora invadiram seu sítio, ameaçando se apropriar de uma área ainda maior. Ela contou que conseguiu o apoio da polícia para impedir a invasão.
A moradora Rita Rodrigues denunciou que a empresa comprou propriedades vizinhas a seu sítio e os seguranças estão impedindo-a de entrar na própria casa. Diante da denúncia, o deputado Durval Ângelo solicitou à Polícia Militar e ao representante do Ministério Público que seja assegurado a ela o direito de ir e vir.
Segundo a professora da PUC-MG, Denise de Castro Pereira, muitas outras invasões já foram registradas. Ela lamentou o descuido, também, com o espaço público. Segundo ela, um campo de futebol está sendo usado como estacionamento pela empresa. Outros moradores reclamaram de indenizações muito abaixo dos valores dos imóveis. Foi geral, também, a reclamação contra a convivência dos órgãos ambientais e do próprio Estado a favor da multinacional.
O advogado da empresa, Rodolfo Luiz Xavier Virgílio, negou todas as informações. Abaixo de vaias, ele assegurou que não há grilagens e que todas as propriedades foram compradas pela empresa de maneira legal. O deputado Rogério Correia afirmou que há denúncias de que a mineradora adquiriu propriedades da MMX que foram comprados de maneira suspeita por uma empresa “laranja”, a Borba Gato que se passava por uma empresa supostamente agropastoril.
Rogério Correia afirmou que denúncias semelhantes às relatadas em Conceição do Mato Dentro são recorrentes em todas as cidades onde há a atividade de mineração. "A mineração virou atividade sem lei", desabafou. Segundo ele, o empreendimento da Anglo American foi aprovado pelo governador Aécio Neves, para "agradar" o então responsável pelo projeto na época, o empresário Eike Batista, e o atual vice-governador Alberto Pinto Coelho, cuja base política é no município. "Passam por cima de todos esses problemas em nome de interesses políticos", acusou.
Participantes fazem relatos de danos provocados na cidade
Auditório Câmara Municipal de Conceição de Mato Dentro
Auditório Câmara Municipal de Conceição de Mato Dentro - Foto: Alair Vieira
O secretário municipal de Meio Ambiente, Sandro Heleno Lage da Silva, fez uma comparação entre as condições da cidade atualmente e como era há seis anos, antes da implantação da Anglo American. “Antes tínhamos um aterro sanitário controlado, hoje temos um lixão a céu aberto; antes tínhamos muitas unidades de conservação e hoje estão sendo depredadas. É preciso uma força-tarefa para salvar Conceição”, disse ele.
“Este é um projeto satânico, do capeta”, esbravejou o frei Gilvander. Ele citou um versículo da bíblia, “o espírito de Deus paira sobre as águas”, para acusar a Anglo American de estar cometendo um pecado capital. “Estão dizimando as águas e pisando na cidade”, condenou.
A poluição dos mananciais de água da cidade também foi lamentado pelo promotor de Justiça da Comarca de Conceição do Mato Dentro, Marcelo Mata Machado Leite Pereira, que considerou este dano de valor intangível. “Não se pode mais tomar banho no rio. E isso está marcado no coração de cada uma dessas pessoas que está aqui”.
Marcelo Leite afirmou que o Ministério Público tem tentado, sem sucesso, resolver o problema. Já ajuizou ações contra o licenciamento de operação, contra o fracionamento das licenças e, no ano passado, conseguiu, liminarmente, suspender por seis meses o projeto. Lamentou que no Tribunal de Justiça, no entanto, as ações foram derrotadas.
O promotor afirmou que a cidade não está preparada para receber o projeto minerário. Mais de 8 mil pessoas chegaram à cidade para trabalhar na empresa – o que pode ser notado nas ruas pelo expressivo número de pessoas usando o uniforme da mineradora. Segundo Marcelo Leite, em função do excesso de pessoas, houve piora nos serviços públicos, como do hospital. “A desordem urbana é total”, reclamou. A presidente da Câmara, vereadora Ivete Santa Bárbara, também confirmou que os cidadãos atingidos pelo projeto não estão vendo respeitados seus direitos fundamentais, como a integração física e moral - aludindo às ameaças e desmandos da empresa que foram denunciadas na reunião.
A delegada da cidade, Helena Torumi Viana Mata, reforçou a ideia do despreparo da cidade. Segundo ela, após a instalação da empresa, os aluguéis residenciais apresentaram uma alta descontrolada de preços, prejudicando a população. Ela citou alguns policiais, tanto civis quanto militares, que estão sendo despejados porque já não conseguem pagar os valores. Ela citou um incidente ocorrido quarta-feira (3/7), quando operários queimaram galpões da empresa que eram usados como dormitórios. Segundo ela, a polícia não reagiu contra os manifestantes, mas foi recebida a pedradas. Os responsáveis pelo incêndio estão sendo investigados.
Código minerário - O deputado Durval Ângelo lembrou que é preciso que a população se mobilize contra o Projeto de Lei 5.807, que tramita no Congresso Nacional em regime de urgência. O projeto trata do Código Minerário que, segundo o deputado, só beneficia as empresas. “É o código das mineradoras. Precisamos, sim, de um marco minerário, mas é preciso que seja discutido com a sociedade”, afirmou.
O deputado federal Padre João também se posicionou contra o projeto. A sugestão do parlamentar é que seja retirado o regime de urgência, para que a proposição seja amplamente discutida.
Requerimentos - Durante a reunião, foram aprovados vários requerimentos solicitando investigação das denúncias e das condições de trabalho na empresa e providências às autoridades ambientais, policiais e judiciais para solucionar os problemas apontados.
fonte: http://www.almg.gov.br/acompanhe/noticias/arquivos/2013/07/05_direitos_humanos_audiencia_conceicao.html

 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A carta abaixo foi publicada no jornal Acontece de 14 de junho - edição 817 - como comentário ao editorial da edição anterior: 

Prezado Senhor Editor,
A respeito do editorial intitulado “Vazio” da última edição viemos parabenizá-lo pela qualidade do texto e pela iniciativa em abordar questão tão pouco debatida em Caeté. Concordamos que os espaços de participação da sociedade encontram-se, em certo sentido, esvaziados ou precariamente ocupados, parte pela ação de atores que, detendo o poder, não se sentem dispostos a compartilhar a governança, fato ressaltado no editorial, e parte pelo desinteresse na participação e exercício da cidadania da maioria da população, resultado, acreditamos, de um longo processo de despolitização que se originou no período da ditadura civil-militar. Isso pode ser verificado na atuação dos Conselhos Municipais como lembrado, e o Macaca pode falar bem disso, pois além de ser um dos mobilizadores para a criação do Codema, modificado em seu formato inédito, progressista e participativo pela administração passada, vem participando anos a fio em outros conselhos dentro do âmbito de atuação da entidade.  Além do Codema, a maioria dos conselhos teve o seu papel reduzido ou esvaziado porque tiveram a essência de seu caráter modificado pelo poder de plantão, passaram de deliberativos para consultivos, contrariando o que se propôs na Constituição de 88 para os mesmos e abortando dessa forma, infelizmente, o processo de construção da cidadania e empoderamento da sociedade civil.
Quanto a pouca visibilidade do Macaca em suas ações, exceto o Carnacatu, deve-se à participação  ativa, silenciosa e persistente, mormente desapercebida, no processo  de organização da sociedade, especialmente dentro do  campo ambiental, seja  no momento do S.O.S Serra da Piedade, seja na criação do Movimento Serras e Águas de Minas ou na participação no  Movimento de Preservação da Serra do Gandarela.  Além  disso o Macaca tem representações  em comitês de bacias, nos conselhos estadual e nacional de recursos hídricos e em outros fóruns de destaque. A atuação nesses espaços, de forma voluntária, com demandas urgentes, com pouco tempo para divulgação de ações, nem sempre é bem vista porque quase sempre contraria interesses políticos e econômicos e por se situar em uma esfera de conflitos, não se coloca como prática social simpática ou aceitável para esses grupos de poder  incomodados com a corajosa atuação da entidade,  porque o MACACA no fundo, questiona um modelo político e econômico.

Acreditamos que a sociedade civil de Caeté tem procurado se organizar para atuar de forma mais efetiva na defesa de interesses coletivos, haja vista o surgimento da SGPAN, a atuação do Sindicato dos Servidores Municipais e a criação de diversas associações e esperamos que gradativamente seja criada uma nova conjuntura na qual o vazio aparente seja ocupado pelas vozes da cidadania , ancorada na legitimação da política como principal forma de transformação da sociedade e que o poder público esteja aberto ao diálogo e a mudanças.  

Veja carta em: 

http://www.aconteceonline.com.br/jornal/acontece/index.html#/6

terça-feira, 4 de junho de 2013

Dia Mundial do Meio Ambiente - contradição em Caeté e no mundo.



Caeté – vocação e risco de desabastecimento.


Em Caeté experimentamos uma situação no mínimo contraditória por nossa posição geográfica. O nosso município tem nas montanhas que fazem divisas com Sabará (Serra da Piedade); com Raposos, Barão e Santa Bárbara (Serra do Gandarela) grandes jazidas de minério de ferro.  Porém lá também se localizam os únicos mananciais de captação de água para abastecimento de nossa população. 
Se por um lado Caeté é rica em minério de ferro, produto que está no topo da balança comercial brasileira e que perde apenas para a soja, por outro lado, devido à posição geográfica (médio-alto da Bacia do Rio das Velhas) é pobre em recursos hídricos e não recebe água de nenhum município vizinho para seu consumo. Só contamos com três mananciais de água para abastecimento da população: Ribeiro Bonito, Córrego do Jacu e Córrego Santo Antônio. 
O Ribeiro Bonito fornece a água mais cara para o município por necessitar de forte tratamento para o consumo. Isso é devido a sua bacia hidrográfica ser bastante degradada, agredida que é pelo esgoto de Rancho Novo, de sítios vizinhos; e também por assoreamento e contaminação por agrotóxicos proveniente da prática da monocultura de eucalipto e horticultura ao longo de seu curso. Essa situação inclusive levou o SAAE de Caeté a propor a criação da APA Ribeiro Bonito numa tentativa de, nos próximos anos, salvar aquela importante bacia hidrográfica que fornece 60% da água consumida em Caeté. Em tempo de chuva esse percentual cai para 30% devido à dificuldade de tratamento com a queda da qualidade da água, a bacia já foi declarada em ocasião recente área conflito em torno da disputa pelos recursos hídricos.
O Córrego do Jacu, outro importante, manancial tem suas nascentes na Serra do Gandarela, serra essa que é alvo da atividade mineraria da Jaguar Mining (MSol) e para a implantação da infraestrutura da Mina Apolo da Vale para retirar centenas de toneladas de minério de ferro por dia e beneficia-lo com a água que hoje é utilizada para consumo humano de diversas comunidades da região.
Em tempo de chuva, o Córrego Santo Antônio, o terceiro manancial de Caeté, compensando a diminuição na ETA Ribeiro Bonito nesse período, chega a fornecer 40% da água consumida em Caeté. Suas nascentes estão na Serra da Piedade, onde até 2006, o minério da extinta Brumafer era beneficiado com água, parte retirada do subsolo e parte represada das nascentes sendo uma características das minas a céu aberto.  O fechamento da Brumafer por crime ambiental em 15/01/2006 foi resultado de um processo que levou a Serra da Piedade a ser o primeiro Patrimônio Natural de Minas a ter seu tombamento regulamentado permitindo assim ao Ministério Público Estadual acolher nossas denúncias e  a ordenar o cesse imediato das agressões ambientais representadas pela extração mineral que nela ocorria. Só assim, foi possível garantir, não sabemos por quanto tempo, o abastecimento vindo da Estação Vila das Flores.
Portanto, nesse Dia Mundial do Meio Ambiente, a contradição está clara e a desinformação também. Ao vermos uma dona de casa lavar o passeio e a rua com água corrente e tratada, ou mesmo, nossas autoridades fecharem os olhos para a agressão ao meio ambiente nas serras de Minas e do Brasil nos perguntamos: será que daqui a 20 anos isso será possível? Os lucros e dividendos da extração mineral, desde os tempos do ciclo do ouro no passado, seguem a lógica do sistema e não ficam aqui. Portanto, nós optamos pelo abastecimento de água e pela preservação desses bens. Um debate sobre a segurança  hídrica do município tem que ser aberto o quanto mais breve, aproveitando-se o atual momento no qual as condições políticas se mostram mais favoráveis, com uma Câmara renovada, com um novo governo e, espera-se, com a participação mais ativa da sociedade.  Estamos fazendo a nossa parte. E você? Feliz dia Mundial do Meio Ambiente.


domingo, 14 de abril de 2013

Parque Nacional da Serra do Gandarela - Riqueza limpa por toda vida.





Atendendo à uma solicitação do Macaca, a Câmara Municipal realizou na quarta-feira, dia 10, sessão extraordinária com a presença do executivo. Os representantes do Macaca fizeram uma exposição a respeito do papel da entidade no município e nos diversos espaços em nível municipal, estadual e federal onde atua, seja em conselhos, comitês, agências de bacia e movimentos. Esse fato foi inédito, pois no mandato anterior Câmara e governo municipal nunca se mostraram dispostos a ouvir o setor ambientalista e o acontecimento recente demonstra um avanço muito significativo, pois talvez esteja se configurando um novo tempo onde o diálogo, o respeito e o debate de alto nível tragam benefícios à sociedade.

 Na oportunidade o Movimento de Preservação da Serra do Gandarela, frente na qual o Macaca tem importante atuação, apresentou aos vereadores, prefeito Zezé Oliveira, secretários e público presente o tema "Parque Nacional do Gandarela - Contribuições para a Economia Local e Regional". A apresentação estendeu-se por mais de três horas onde os aspectos naturais, importância hídrica e atrativos turísticos do Gandarela foram destacados, bem como os riscos dos projetos de mineração na região, principalmente o Apolo da Vale. O economista Jose Tanajura do Movimento Gandarela, um dos responsáveis pelos estudos, discorreu sobre as possibilidades de geração de riqueza e desenvolvimento regional a serem desencadeadas com a criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela . Dentre as atividades econômicas a serem estimuladas pela criação do parque destaca-se o turismo e suas formas, seja o ecoturismo, o turismo de aventura, o rural-cultural, o de vilarejo, o gastronômico, o pedagógico, o científico, dentre outras, "favorecido pelos megaeventos desportivos e pelo período de “bônus demográfico” na RMBH (até 2020 a população economicamente ativa se manterá maior que as populações dependentes), haverá um aquecimento da economia regional com abertura de uma janela de grandes oportunidades econômicas. A região do PARNA Gandarela apresenta atributos ambientais singulares de reconhecida relevância nacional e internacional e alta potencialidade turística", associados à proximidade e facilidade de acesso a outros centros. O circuito Serra do Gandarela, inserido na Estrada Real e articulado aos mercados da Região Metropolitana de Belo Horizonte (4,7 milhões de habitantes), São Paulo (19,6 milhões de habitantes), Rio de janeiro (11,5 milhões de habitantes) e também ao internacional, se mostra economicamente viável "possibilitando e induzindo a geração de emprego e renda permanentes e crescentes, voltados para a população local e regional, com diversificação mercadológica, através de atividades como turismo, agricultura orgânica e artesanato, a serem desenvolvidas no PARNA e seu entorno, configurando ali o Pólo Econômico Regional do Gandarela. Os impostos e a movimentação de salários gerados por esses empreendimentos certamente serão uma contribuição significativa às economias dos municípios do seu entorno". 

As expectativas para o pólo econômico do Gandarela foram resumidas nos seguintes pontos:
  •Considerando as estimativas sobre postos de trabalho, o Parque Nacional daSerra do Gandarela irá movimentar na economia dos municípios abrangidos da ordem de grandeza entre R$ 65 milhões (primeiros oito anos) e R$ 110 milhões (a partir do 12º ano) anuais, correspondendo a uma geração de 4 mil a 6,5 mil empregos permanentes. 
•Em termos de arrecadação de ISS, prevê-se uma arrecadação realista da ordemde R$ 1 milhão anuais a partir do oitavo ano do PARNA, com alcance R$ 1,5milhões a partir do seu 15º ano (valor atual). 
•Haverá acréscimo no Fundo de Participação dos Municípios da Região, com o crescimento da arrecadação do ICMS, IR e IPI. 

Após a apresentação foi aberto debate, momento no qual foram levantados diversos questionamentos a respeito do Projeto Apolo e do Parque Nacional da Serra do Gandarela, destacando-se os riscos em relação à segurança hídrica do município com a implantação de projetos de mineração, especialmente sobre o aquífero Gandarela e bacia do Ribeirão da Prata, a demanda crescente por espaços como os das unidades de conservação, alavancando negócios no ramo de turismo, hotelaria, agricultura, artesanato e serviços, a atratividade de municípios com capacidade de oferecerem água limpa e ar puro para indústrias de alta tecnologia (eletrônica e química fina) desde que optem pela preservação desses atributos e as possibilidades de otimização do transporte na grande BH a partir da implantação de projetos de grandes eixos viários (Alça Norte, Alça Sul e Contorno Leste) que irão interligar Caeté ao restante da região metropolitana,  pólos nacionais e inclusive internacionais, através do aeroporto de Confins. O modal ferroviário também foi abordado já que no momento o município foi colocado á margem de projetos e iniciativas em curso para a utilização desse meio no transporte de passageiros.

Fonte: Parque Nacional da Serra do Gandarela - Oportunidades de riqueza limpa por toda vida.
www.aguasdogandarela.org


sábado, 2 de março de 2013

A QUE VEM O INSTITUTO GANDARELA?


PARTE 1

No início de dezembro de 2011 tomamos conhecimento do chamado “Instituto Gandarela”, com uma marca com design meio abstrato em tons de vermelho e marrom. Muita curiosidade de todos nós. Será que tem relação com a Serra do Gandarela? Será que foi criado por alguém com esse sobrenome que nem conhece a região? Será que é a Vale?


  Pesquisamos no Google. Nada de site ou blog. Localizamos que foi criado em 12/8/2010 e que, como co-realizador da Mostra BH 2011, o Instituto Gandarela recebeu dotação orçamentária da Fundação Municipal de Cultura/PBH (R$ 411.556,00), através do gabinete do Prefeito, e contou com o patrocínio da Petrobras (R$ 100.000,00) e apoio da Arte Brasil Produção Cultural e da Fundação Nacional das Artes (Funarte), que cedeu quatro galpões em Belo Horizonte. Naquele momento, percebemos que o instituto recém-criado chegava com condição para captar recursos públicos e apoios de porte, estaduais e federais.

Não demorou muito para ter mais informações. No dia 20/12/2011, em reunião do Grupo de Trabalho criado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais (GT2), do qual participamos, a Vale apresentou seu Programa Integrado de Gestão Ambiental do Projeto Apolo, pretendido na Serra do Gandarela. E lá estava, entre os 34 slides, o Instituto Gandarela. Ou era muita coincidência...




Estrategicamente, os representantes da empresa falaram sobre o alcance e perspectivas desse Programa antes de apresentar sua proposta para os limites do Parque Nacional da Serra do Gandarela.  Assim, ficou claro naquele dia que a Vale escolheu um “pacote” de iniciativas, entre elas o Instituto Gandarela, que apresentava como contrapartida para “detonar” grande parte da Unidade de Conservação federal e permitir suas pretensões minerárias na região.



Redobramos a atenção sobre o Instituto Gandarela. A entrada do site no ar, as matérias na mídia, o contrato com o Shakespeare’s Globe Theatre e a realização de eventos de grupos artísticos mineiros. Assim, tomamos conhecimento sobre quem estava à frente, como co-Fundador e presidente: Mauro Maya, empresário natural da terra de Carlos Drummond de Andrade, Itabira, funcionário da Companhia Vale do Rio Doce por 11 anos, onde também foi promotor de eventos internos da empresa, fundador da Arte Brasil Produção Cultural. Desconhecemos o quanto sabe sobre a questão Preservação da Serra do Gandarela x Vale S.A.





Não vamos entrar no mérito se a cópia de um grande projeto cultural, com alicerce num ícone do teatro inglês, é o mais adequado em Minas Gerais, com sua cultura única e forte repertório de movimento de teatro de grupos, e na região do Gandarela que fica bem no coração dos Caminhos da Estrada Real (dos Diamantes e de Sabarabussú), entre vários núcleos históricos significativos do período do ciclo do ouro com importante acervo arqueológico, histórico e de manifestações e tradições culturais. 

Encontramos trechos interessantes no site do Instituto Gandarela:  

O Instituto Arte Brasil, consciente de seu papel como agente cultural e formador de cidadania, buscou meios de criar ali o Complexo Cultural Gandarela, que englobará diversificadas áreas do saber e do fazer. Com tal objetivo, fez parceria com a VALE, que lhe passou, em regime de comodato por vinte (20) anos, um terreno de vinte mil (20.000) metros quadrados onde serão implantados teatros, arena para circo, salas para oficinas de treinamento profissional e artístico, espaços para trabalho de preservação ambiental, conforme explicitado no projeto de construção do referido Complexo.

Justificativa

Consciente de sua responsabilidade para com seus concidadãos, e das possibilidades de reunião, na região de Rio Acima, dada sua localização próxima a Belo Horizonte, às cidades históricas, e a três Universidades Federais (UFMG, UFOP, UFV), a Arte Brasil, de mãos dadas com a VALE, não tem dúvida de que, uma vez implantado, este projeto renderá resultados muito positivos, já a curto prazo.


Os pontos fundamentais para o cumprimento desse objetivo são: Criar um viveiro de mudas aberto à visitação. Este viveiro conterá mudas de plantas características da Serra do Gandarela, com a correta identificação das espécies, a fim de preservar os espécimes da região, permitir a restauração da vegetação típica após a atividade mineradora e mostrar para a população a diversidade de plantas presentes em nossa região.

(Retirado do site do Instituto Gandarela em 26/2/2013)


Mas o mais inacreditável é que, com objetivos nas áreas ambiental, cultural, artística, educativa, turística e de geração de renda, o Instituto Gandarela EM NENHUM MOMENTO MENCIONA O PARQUE NACIONAL DA SERRA DO GANDARELA que, pela relevância de seus inúmeros atributos, por si só já é um grandioso complexo natural e cultural com todas essas perspectivas, inclusive a nível internacional.

Assim, neste momento e até que os próximos meses nos tragam novas informações, entendemos que o Instituto Gandarela veio para consolidar as ações da Vale no sentido de alterar os limites do Parque Nacional da Serra do Gandarela, por pressão direta junto ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ao Ministério do Meio Ambiente e demais entes envolvidos na criação dessa importante Unidade de Conservação.  Mas pressupomos que deve ser sem o conhecimento de parte dos envolvidos, das entidades parceiras e dos apoiadores.

Sendo assim, trazem para a sociedade, inicialmente de Rio Acima, onde estão previstos os maiores impactos sociais oriundos da atividade de mineração, o Complexo Cultural Gandarela, e outras iniciativas, como moeda-de-troca pelos gigantescos impactos regionais da Mina Apolo sobre o último santuário de porte e ainda preservado da Região Metropolitana de Belo Horizonte.  Provavelmente, a Vale surgirá como benfeitora, encobrindo sua ambição desmedida que insiste em destruir definitivamente a Serra do Gandarela e a proposta do Parque Nacional e o que significam para a vida de todos nós hoje e dos que virão no futuro, em uma região metropolitana com mais de cinco milhões de habitantes. PORQUE SEM ÁGUA E BIODIVERSIDADE NÃO HÁ VIDA.

Algo nos diz que isso tudo acontece através de uma ampla articulação da Vale e seus aliados, numa intrincada “rede de influências”. O futuro dirá qual é a verdade!


QUEREMOS UM PARQUE NACIONAL DA SERRA DO GANDARELA DIGNO
E SEM CONCESSÕES À INTRANSIGÊNCIA DA VALE

JUNTE-SE A NÓS!  DIVULGUE !




APOIO:

































sábado, 23 de fevereiro de 2013

Balanço do Carnacatu





Mais uma vez o Carnacatu foi um sucesso. No domingo e terça de carnaval o centro histórico de Caeté foi tomado por inúmeras pessoas de todas as faixas etárias. Os bonecos do grupo de “seu” Raimundo Maracatu, Geni, Zepelin, Zé Caeté, Maria Bonita e o eletrizante boi iam a frente acompanhados pelas crianças, animados pela sensacional bateria da Banda de Porco, seguida pelos animados blocos e  fechando o cortejo, em meio a vários foliões, a banda de sopros. A Praça João Pinheiro, Rua do Gambá, Mato Dentro e Direita foram tomadas por uma multidão pacífica e alegre que entusiasmava a todos que assistiam das calçadas e janelas das casas. Momento especial foi quando os músicos homenagearam os idosos do Lar São Vicente de Paulo na passagem do desfile, demonstrando que o Carnacatu é um carnaval para todos.
Mas para que tudo isso acontecesse foi preciso percorrer um longo caminho desde 1999, com o Museu do Carnaval promovido pelo MACACA. O Carnacatu nasceu após este projeto do museu e após a revitalização dos congados e Maracatu realizado pela Associação dos Artesãos e Artistas de Caeté (AAAC) que teve a parceria do MACACA. Em 2009 o MACACA percebeu que não haveria nenhum evento ligado ao carnaval na cidade e botou literalmente o bloco na rua, juntando grupo de bonecos do Maracatu e o grupo de composto pelos músicos da cidade dando inicio a este evento, novamente com a AAAC como parceira, que já está na quinta edição.
 Importante ressaltar que para que o Carnacatu aconteça precisamos contar com o apoio de muitas pessoas e entidades como  a AAAC,  com os músicos das bandas da cidade e de percussão, os blocos formados pelos moradores do Centro Histórico e a Prefeitura Municipal através da Fundação Casa de Cultura que desde 2011 vem apoiando o Carnacatu e o novo governo deu continuidade a isso, especialmente neste ano, melhorando a infraestrutura.
A responsabilidade sobre o Carnacatu aumenta a cada ano, e o papel das pessoas envolvidas é fundamental para que obtenhamos êxito no evento. Aqui agradecemos publicamente à AAAC, ao Sr. Raimundo Maracatu, às pessoas que carregam os bonecos, aos organizadores da bateria da Banda de Porco, João de Souza, Arley Martins, Masdem e Margareth Fontana e demais ritmistas que se dedicaram a horas de ensaio e no reparo dos instrumentos, aos músicos de sopro mobilizados pelo Sérgio Gouveia (Magreta), à família do Ademir Martins que forneceu a base de apoio para os ensaios, aos líderes dos blocos, à Prefeitura Municipal através dos secretários Anderson, Leonardo e Walnei, à Defesa Civil, à Polícia Militar, aos doadores de alguns instrumentos (Agnaldo Araújo, família de Antônio Oliveira e Guilherme do bar do antigo Bar do Neco), à indústria de doces Frutabella, às famílias de André Severino (rua Mato Dentro), Jaqueline Vitoriano(rua Israel Pinheiro) e Thomás Santos (Rua Direita) que forneceram suas casas para distribuição de água para os músicos, aos doadores de água no percurso pelo qual o Carnacatu passou, a todos que ajudaram direta e indiretamente e  não mediram esforços para que o Carnacatu fosse um sucesso e a todos os foliões que participam do Carnacatu e  que sempre se divertem de forma muito sadia. Nosso muito obrigado!
Ano que vem tem mais!