domingo, 27 de abril de 2014

A coragem, uma visão de futuro e a renovação

... uniram três forças políticas neste domingo na inauguração do novo mirante da Serra Gandarela em Rio Acima. O local era emblemático para tal encontro, um mirante no topo da Serra Gandarela que tem aos seus pés a região metropolitana de Belo Horizonte, cuja população depende 40% das águas oriundas daqueles altos para seu  abastecimento. Com a coragem entrou Junior Geloso, Prefeito de Rio Acima; a visão de futuro do Movimento pelas Serras e Águas de Minas a favor da preservação do Gandarela parece ter sido também compreendida pelos jovens deputados João Vitor, Estadual e Diego Andrade, Federal; pelo Vereador de Belo Horizonte, Leonardo Mattos e por vários vereadores de Rio Acima, um de Raposos e um de Caeté, presentes no evento para apoiar o destemido Prefeito.  
 A clara opção pela preservação do bem mais precioso para a vida, a água, foi selada pelo Prefeito de Rio Acima ao celebrar no mesmo ato o Tombamento da Serra Gandarela no seu município impossibilitando assim qualquer licença para minerar naquele local; e mais, ficou nítida a prioridade por um modelo de desenvolvimento econômico racional, duradouro e responsável com o meio ambiente;  uma opção corajosa e destemida pela conservação daqueles mananciais tão caros a população de toda a Grande BH, decisão essa que rechaça a postura tão comum nos demais prefeitos da região, a de submissão ao setor de extração mineral e sua chantagem social de geração de “emprego” a qualquer custo.    
De lá, tendo ao alcance da vista as montanhas de Minas, se disse muita coisa, foi lembrada a escassez de água vivida pelo colapso do Complexo da Cantareira, em São Paulo, a degradação social e o aumento da prostituição nos municípios onde há extração mineral a céu aberto, os problemas de baixo retorno social e econômico da mineração aos municípios; neste encontro se reforçaram e se estabeleceram alianças que podem desencadear ações na Câmara Municipal de Belo Horizonte, nas Promotorias Públicas, em gabinetes e prefeituras, na Assembleia Legislativa, no Congresso Nacional e até no Planalto Central, em Brasília.
A mudança climática é uma evidência constatada em cada telejornal na hora da “previsão do tempo” e junto com esta, outras mudanças estão se alinhando.   









sexta-feira, 7 de março de 2014

Carnacatu e o desafio que o espera.



O Carnacatu chegou à sua 6ª edição brindando a população de Caeté, na comemoração de 300 anos, desde Vila Nova da Rainha, com um carnaval exuberante em todos os aspectos apesar das dificuldades. Fez brilhar os olhos das pessoas diante de uma mescla de folclore e tradição carnavalesca, do brincar compartilhado entre crianças, jovens e a “velha guarda momesca do asfalto”. A alegria estava estampada no rosto de todos; dos novatos aos veteranos diante do que, para os primeiros, acostumados ao universo “high-tech” dominado pela diversão eletrônica é  novo e  divertido;  para os outros o reencontro com o que parecia não existir mais: o brincar carnaval.
            Nesse contexto, entre nós do MACACA, além de experimentar  essa sensação  junto com a comunidade que curtiu o Carnacatu, ainda nos arrebata a de dever cumprido naquilo que nos propusemos desde o Museu do Carnaval em 1999, passando pelo Bloco do MACACA até a criação do Carnacatu em 2008. Um esforço em que a entidade se lançou interagindo e mobilizando outros setores e agentes culturais da Cidade, buscando sempre esse objetivo como construção coletiva, pois só assim fazia sentido para nós.
            Alcançado esse objetivo, que consideramos vitorioso, estamos nos preparando para torná-lo capaz de se auto-sustentar, sem perder seu caráter de construção coletiva, de se manter sem paternalismo, livre do julgo personalista, político-partidário ou econômico. Esse é o novo desafio do Carnacatu em 2014; novo para ele, mas, velho para este tipo de evento ou agremiação; antigo adversário que derrotou e acabou com o Carnaval de Caeté a duas ou três décadas. Vamos enfrentá-lo como o inimigo que ronda quase todas as associações, sejam culturais, folclóricas, de classe ou comunitárias; que possivelmente está por trás da inoperância inclusive dos Conselhos Municipais e de outras entidades de Caeté.
A alegria e a felicidade dos foliões deste e dos anos anteriores é o combustível do MACACA nesta nova jornada; esperamos não estar sós nela e poder contar com a mesma sorte que tivemos para a criação do Carnacatu.
Nos vemos no próximo carnaval. Até breve!     

quinta-feira, 6 de março de 2014

Carnacatu - Caeté 300 anos.

O movimento foi 

artístico para todas as idades
nesse carnaval,
cultural com toda a exuberância do patrimônio histórico do Centro 
e ambiental 
pois alegria e diversão para o povo 

de Caeté e de qualquer lugar é fundamental! 












terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Circuito Águas do Gandarela - Caeté/Morro Vermelho

O Circuito Águas do Gandarela, iniciativa do Macaca, com  o apoio do Fundo Socioambiental Casa e Movimento de Preservação da Serra do Gandarela, criado para fomentar o turismo de base comunitária  na região, promove a etapa de Caeté/Morro Vermelho no próximo final de semana. Nas etapas anteriores, nos municípios de Rio Acima e Raposos, a recepção ao projeto foi ótima, com grande procura e intensa participação. Certamente em Caeté, a casa do Macaca, o sucesso será ainda maior. 



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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

BATUQUE


Com cheiro de alecrim...


Demos um passo importante na tarde desse domingo, 12 de janeiro, em Morro Vermelho, para concretizar um projeto que é um dos sonhos mais antigos do Macaca, o resgate do Batuque. Através de projeto aprovado pelo Conselho Estadual de Defesa de Direitos Difusos – CEDIF, o Macaca mobilizou as poucas pessoas que ainda guardam a tradição tendo como cenário a Igreja de N. Sra. do Rosário, que diga-se de passagem, necessita de reformas urgentes. Parte importante do registro foi feito em fotografia e áudio visual para um documentário e edição de material gráfico a ser realizado pela entidade. Com risco de desaparecimento, o Batuque é uma manifestação folclórica abandonada na memória de uns poucos, já idosos, que, ao lançar versos improvisados,  soar a batida da caixa e dançar o  dobrado se rejuvenescem a olhos vistos. A alegria de “brincar” de emendar versos de improviso e dançar é contagiante demais para deixarmos que seja esquecida. Para seu regate completo outros passos além desse serão dados, mas a sua memória já ganhou uma sobrevida. “Os tambores quando tocam não mentem!” Celebremos!


domingo, 3 de novembro de 2013

Serra da Piedade: para recuperar precisa minerar?







Fotos: Macaca

A audiência pública em Sabará, realizada no dia 31 de outubro pela SUPRAM para expor o licenciamento da recuperação da área degradada pela mineração na Serra da Piedade a ser feita pela AVG, sucessora da Brumafer, resultado do acordo judicial na ação civil pública que paralisou as atividades em janeiro de 2006 e que deveria ser a penalidade por um crime ambiental ministrado à vista de todos contra a Serra da Piedade, sede da Padroeira de Minas Gerais e Patrimônio Tombado em níveis municipal, estadual e federal, ou seja, a recuperação da área degradada,  se transforma num consenso, cuja proposta é minerar para recuperar dentro de um licenciamento de Classe 5 (grande potencial poluidor e degradador) para lavra com tratamento a úmido, pilhas de rejeito e estéril, 12 km de estradas para transporte de minério e unidade de tratamento de minério. 

Ela trouxe à luz vários aspectos das relações de poder e dinheiro que envolvem o setor minerário em nosso Estado, que interferem até em decisões do que deveria ser a justiça, apesar do empenho dos autores da ação - MPMG, MPF e IPHAN – ao longo dos seis anos em que a ação tramitou. O que deveria ser a penalidade por um crime ambiental cometido pela Brumafer contra a Serra da Piedade e a exigência da recuperação da área sem nenhum outro impacto, se transformou em um acordo em que se admite o crime cometido, absurdamente sem punições e se propõe voltar a minerar para recuperar e fechar a mina. Um crime cometido à vista de todos, com o apoio de setores e cidadãos de Caeté como a ACIAC e o ex-prefeito Ademir de Carvalho, além da conivência ou omissão dos órgãos que deveriam zelar para que não fosse cometido,

O projeto da AVG prevê 15 anos de “recuperação” com mineração e aproveitamento econômico, na área que foi degradada pela Brumafer num período de oito anos de lavra predatória, sem nenhum critério técnico, como o representante da própria AVG afirmou. Mesmo que uma das diversas cláusulas do acordo seja manter intacta a linha de cumeada da Serra da Piedade, haverá graves impactos para a área do entorno e sobre a fauna, flora, cavernas e nascentes das vertentes da Serra da Piedade (tanto em Caeté como em Sabará), o próprio Santuário, as comunidades de Quintas da Serra, Condomínio dos Cedros e Ravena, principalmente devido à poeira, interferência no solo e transito de caminhões.

Segundo o representante do Sindiextra, D. Walmor, arcebispo de Belo Horizonte, foi elemento fundamental para que este acordo fosse selado, no qual estão diversas “medidas compensatórias”, entre as quais R$ 2.milhões de reais para “sinalizar” o Santuário de N. Sra. da Piedade. Perguntamos: como é possível a Arquidiocese apoiar este acordo, depois de 50 anos de atuação de Frei Rosário para proteger a Serra da Piedade contra a mineração e de seis anos de coerência e coragem de muitos padres, paróquias, comunidades católicas e da Reitoria do Santuário no período de 2001 a 2007 na sua defesa contra as pretensões da mineração?

Foi curioso que, mesmo a audiência pública sendo realizada em Sabará, sendo que o Macaca foi a única entidade que tentou trazê-la para Caeté, os mesmos setores e cidadãos de nossa cidade que defendiam a continuidade do crime ambiental cometido pela Brumafer estavam presentes em peso e mais uma vez aplaudiram a chegada da mineração na Serra da Piedade, desta vez a AVG, com faixas, falas e muitas palmas a favor do empreendimento.
  
Para nós do MACACA, uma das entidades que faz parte do SOS Serra da Piedade, não faz o menor sentido retomar a atividade minerária na Serra da Piedade, Monumento Natural de Minas Gerais e Patrimônio Cultural, Paisagístico e Religioso do povo mineiro, mesmo com a proposta de recuperar o passivo. Acreditamos que existem outras possibilidades a partir de modernas tecnologias dentro da engenharia associada à arquitetura, paisagismo e biotecnologia, responsáveis no Brasil e no mundo por obras de contenção e recuperação muito mais complexas do que o passivo na Serra da Piedade. Mas as relações de poder e dinheiro que envolvem o setor minerário boicotaram essa possibilidade para alcançar seus objetivos.

Diante deste quadro, estamos de volta na defesa da Serra da Piedade e convocamos todos vocês que participaram intensamente do SOS Serra da Piedade (2001 a 2006) e todos de forma geral a somar a mais esta luta contra a voracidade da atividade de mineração, que não abre mão nem de um dos maiores ícones da nossa história, cultura, religiosidade e paisagem.


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Serra da Piedade: mineração outra vez?

Foto: Alice Okawara

Hoje, 31 de outubro, acontecerá às 19 horas em Sabará a Audiência Pública da AVG para licenciamento ambiental para extração de minério na Serra da Piedade. Mas como?A Serra não é tombada?  Pode perguntar o leitor que, com certeza, será acompanhado pela maioria dos caeteenses. que ficarão também perplexos com a notícia. Um ou outro que tenha acesso aos Estudos ou ao Relatório de Impacto Ambiental poderá argumentar: mas observem, não é mineração, é reabilitação da área degradada da Serra da Piedade, está escrito aqui na capa! Mas ao abrir os volumes verá que a contradição entre o título e o conteúdo é enorme, lá dentro está claro que é mineração como estamos acostumados a ver por Minas Gerais afora. Mas como se chegou a isso, um retrocesso depois de anos de luta do S.O.S. Serra da Piedade e muitas leis nas esferas federal, estadual e municipal para a proteção do nosso maior patrimônio. A história é longa e demonstra que o degradador sempre se aproveita de brechas e oportunidades para alcançar seus objetivos, mesmo que venham revestidos de legalidade e ostentando formas palatáveis aos olhos de muitos.
Após o fechamento da Mineração Brumafer, de triste memória, em meados da década de  2000, três agentes públicos, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Ministério Público Federal e Ministério Público de Minas Gerais entraram com Ação Civil Pública contra a empresa para que recuperasse as áreas degradadas pela atividade como determina a lei. No decorrer da ação que foi para a Justiça Federal - as coisas quando vão para justiça tendem a tomar caminhos inimagináveis, lembrem-se do recente julgamento do mensalão -  a Brumafer foi adquirida pela AVG Empreendimentos Minerários, empresa controlada do grupo MMX do Sr. Eike Batista que assumiu o passivo ambiental  deixado por sua antecessora. Durante as audiências do processo, sem a participação do movimento ambiental, a AVG argumentou que só seria possível recuperar a área minerando, isso é, aumentando ainda mais os impactos sobre o lugar, já bastante degradada pela atividade anterior, causando perplexidade entre os defensores da Serra da Piedade que acreditavam e acreditam ser possível somente a recuperação com um mínimo de interferência sobre a paisagem, um dos pilares que fundamenta o tombamento. A empresa apresentou alguns cenários e dentre os mesmos foi escolhido o que restringia as atividades de mineração às áreas já degradadas, mesmo que a AVG e o Departamento Nacional d Produção Mineral se esforçassem para que fosse minerada toda a encosta norte da Serra da Piedade, isso é, a que dá vista para a BR-381. O acordo foi feito e determinado a abertura de licenciamento junto aos órgãos do Estado, sendo que a Audiência é uma das etapas obrigatórias que deve contar com ampla participação popular e por esse motivo estranha-se a realização da mesma somente no município de Sabará, mesmo que Caeté seja também afetado e tenha uma profunda relação com a Serra desde o período colonial. Para Caeté sequer foram enviados os estudos completos de impacto ambiental, somente o relatório, documento insuficiente para análise, o que já demonstra pouca atenção para a cidade ou o temor da empresa que venha ao conhecimento público as reais dimensões do projeto. O que Caeté ganhará entregando seu maior patrimônio para exploração minerária durante quinze anos, fora alguns empregos dos quais não poderá assegurar serem para seus moradores, o que mais? Há de se levantar o papel de algumas instituições nesse processo, como o da igreja que recebeu a benesse no acordo de significativos R$2 milhões para obras no santuário, do Estado, municípios e até mesmo da Vale que pediu o cancelamento do tombamento federal em certo momento. 
Mais uma vez a Serra encontra-se ameaçada, mesmo que tudo pareça dizer que não.

Fonte: Termo de Acordo - Processo 2005.38.00,038724-5 (Justiça Federal, 14/12/2011)