sábado, 17 de outubro de 2009

Sai da linha que lá vem o trem...

Os moradores que ocupam as margens e leito da antiga ferrovia receberam recentemente este comunicado da prefeitura. É estranha essa preocupação do poder público com as pessoas que por motivos diversos se transferiram para essa região que atravessa grande parte da cidade, desde a desativação do trecho ferroviário em meados dos anos 90, já que diversas administrações e a União, proprietária da faixa de terreno, nunca se tocaram pela sorte das mesmas. O processo de ocupação nunca foi contestado pela União, através da antiga RFFSA, que após a retirada dos trilhos do trecho, nunca reinvidicou a reintegração de posse do imóvel, pois após a privatização das ferrovias pelo governo federal não existia mais interesse em operá-lo e a prefeitura por outro lado argumentava que não podia embargar as construções que se multiplicavam pois a área era de propriedade de terceiros, no caso a própria União. Esse impasse, senão uma omissão, foi percebido pelas pessoas que por necessidade (a cidade vivia tempos de crise pelo fechamento da Barbará) ou por oportunismo tomaram o antigo trecho de ferrovia como território livre ou terra de ninguém. Os problemas quanto à infraestrutura eram diversos, saneamento, água, luz, algumas áreas de risco, etc, mas com o passar dos anos alguns desses problemas foram resolvidos, outros persistem, mas enfim, os moradores se adaptaram à situação e agora podiam usufruir de algumas facilidades que a cidade lhes negava como proximidade com o trabalho, com a escola, com os serviços de saúde e com o comércio diversificado para suprir suas necessidades imediatas. Agora depois de muito tempo recebem esse comunicado que lhes causa grande apreensão, qual o motivo desse súbito interesse em "solucionar" esse "problema" por governantes que nunca se preocuparam com as famílias (os chamados invasores da linha) já discriminadas e segregadas por grande parte da população. Pouco tempo antes do tal comunicado, homens com aparelhos de medição já haviam passado por lá, registrando dados, anotando, fazendo perguntas. Por que? Para quem? Boatos circulam entre os moradores da linha e na cidade, o antigo trecho irá servir a um desses projetos ligados à mineração que têm o município como local de implantação. Um lugar que tinha perdido o valor, abandonado ao seu destino, readquire valor motivado por interesses de coorporações que associados ao poder municipal vem modificar a vida das pessoas. Onde se encaixaria nesse processo os programas como o "minha casa, minha vida" com propostas do governo na Câmara Municipal? Como se articulam-se esses processos que passam distante da maior parte da sociedade mas que têm no centro os interesses de grupos que detêm o poder político e de grupos que detêm o poder econômico. Como ficarão as pessoas da ferrovia dinte de um governo que subitamente se preocupa com o "social"...

7 comentários:

Vascão disse...

Não sei porque motivo, mas sinto uma movimentação fedorenta e peçonhenta nos subterrâneos dos esgotos de nossa cidade, onde se locomovem os ratos e todo tipo de praga. Sei que se aproximam dias de muita angústia e dor para os mais humildes mas tenho a plena convicção que estaremos unidos em torno deles. As ações autoritárias e ditatoriais em favor dos minero-dólares não ficarão livres de oposição. Somos poucos os encarnados na luta mas muitos os espíritos de luz nos dando suporte.

Vascão disse...

Foi desvendado o mistério... em reunião da camara itinerante na Fec ontem com os representantes de alguns bairros, depois de questionado por mim sobre o assunto, o vereador Pardal afirmou que será feito na linha férrea um acesso para circulação de caminhões da MSol... afirmou que já estão providenciando a construção de casas populares para remoção de moradores... resta saber os impactos ambientais e de saúde que esse movimento de caminhões irá provocar .....

Jordão Vieira disse...

é possível a regularização fundiária desse pessoal!

Anônimo disse...

A verdade aparece e demonstra que o governo municipal trabalha como um sócio público de uma empresa privada, a Msol, ou melhor a Jaguar Mining, uma empresa transnacional (a pilhagem de nossas riquezas continua depois de 500 anos).
É possível regularizar a situação fundiária dessas famílias? Sim, se existir vontade política, inclusive com os instrumentos legais do Estatuto da Cidade. Existem boatos de que a tendência é que seja criada uma situação de segregação sócioespacial com um possível projeto de transferência das famílias da linha para apartamentos (cubículos) a serem construídos no terreno da antiga FEBEM. A genialidade da verticalização das favelas em uma cidade que tem mais de 1000 lotes vagos servindo á especulação imbiliária.

totoso disse...

Tenho uma propriedade onde era a fazenda ouro fino, quais problemas terei com a construçao dessa via.sera uma estrada asfaltada ou linha ferrea.pois ate hoje nao fomos imformados de nada.nilson

Wanderlei Pinheiro disse...

Nilson,

Existem projetos em torno da antiga linha férrea ainda não esclarecidos. Na Conferência das Cidades aqui em Caeté tocou-se no assunto e os representantes da prefeitura disseram que a linha era somente objeto de regularização fundiária e planejamento urbano. Outros boatos falam que um grande duto seria construído em seu leito ou que se tornaria mais uma alternativa ao trânsito da cidade, mas nada mais consistente. O Plano Diretor prevê seu uso como via pública, mas nesse ano acontecerá sua primeira revisão,daí deveremos ficar atentos.
Obrigado por acompanhar nosso blog.

totoso disse...

Porque a prefeitura nao esclarece a populçao ,sobre este projeto que a Vale esta querendo implantar em caete?O que mais me esmorece e quando um proprietario de uma pequena propriedade corta uma madeira ou roça uma area qualquer no sitio,os orgao do governo aparecem como formiga para multar agente ,mas quando agente pede ajuda ou informaçao eles nunca sabem de nada,a cada dia estamos na mao do estado,do jeito que esta parece que os governantes so ouvem quem tem muito dinheiro,parece que o estado so valoriza o ter enao o ser.isso e um absurdo pois nos municipes somos tratados como lixo pelo poder pubilco,mas a populaçao deve ficar mais atenta a este tipo de gente,eu ate que esta va pensando em me mudar para caete ,mas com esta opressao ao pobre estou completamente desmotivado,talves se eu fosse um bilionario dono de mineradora ,mesmo com um projeto de destruir boa parte da fauna e flora do municipio eu teria apoio da prefeituta e dos orgaos ambientais. nilson