Hoje, 22 de março, escolhido como Dia Mundial da Água, deve trazer algumas reflexões sobre a a importância desse bem inestimável para a vida. Vemos na mídia peças publicitárias do governo e de empresas privadas aproveitando a data para divulgar o quanto fazem pela preservação das águas, mesmo que muitas vezes isso seja atravessado pelas contradições entre o que se fala e o que se faz. Um exemplo é a propaganda da Vale que fala da economia de água no beneficiamento de minério, ocultando o grande volume de água utilizado nesse processo, o rebaixamento do lençol freático nas cavas e o assoreamento dos cursos d'água. O governo também propagandeia aos quatro cantos seu "cuidado" com a água, enquanto continua licenciando projetos de grande impacto para os recursos hídricos e para população como os monocultivos de eucalipto, a mineração e indústrias que já deveriam estar fechadas,como a Votorantin em Três Marias, responsável pelas diversas mortandades de peixes no São Francisco, fora a polêmica transposição do mesmo rio. O discurso da escassez de água abre caminho para a privatização desse bem que deve ser considerado sobretudo como bem comum, dando direito para o seu uso racional, algo associado à justiça ambiental e social.
Em nível local já vimos a suspeita história da vinda da Copasa para Caeté, projeto firmemente rechaçado pela população, que prefere manter a gestão das águas do município nas mãos do SAAE, autarquia pública, do que correr o risco de ver suas contas aumentadas por uma empresa estadual que ao que tudo indica, caminha para a privatização. Esse mesmo SAAE também precisa se posicionar mais firmemente quanto ao projeto da Vale na Serra do Gandarela que irá atingir as reservas estratégicas do Ribeirão da Prata, bacia com águas de qualidade melhor dos que as captadas atualmente pelo SAAE, exceto as do Descoberto na Serra da Piedade. As APAs criadas pelo município para proteger os mananciais, foram irresponsavelmente engavetadas pelo governo atual e estão com seu processo de implantação paralisado. Boa notícia é a construção da ETE do Ribeirão Caeté que quando concluída irá tratar os esgotos lançados no mesmo, só que os impactos para a população do seu entorno, como o mau cheiro dos efluentes, não foram divulgados pois os moradores não foram consultados no seu licenciamento.
Como vemos a questão da água é complexa e só a democratização da discussão e do seu uso irá possibilitar avanços para que seja realmente algo a que todos tenham acesso, elemento natural e socializador que permeia as relações da vida em seus ciclos internos e externos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário