Seis vidas preciosas se foram em uma curva assassina da famigerada BR-381, a “rodovia da morte”. Voltavam de mais uma árdua jornada, para os que se deslocam diariamente para as faculdades de Belo Horizonte e, infelizmente, não chegaram às suas casas. Passam-se os anos e o montante de vítimas aumenta e os frios números das estatísticas sinistras não medem a dor e as lágrimas de parentes e amigos, que se perguntam, até quando? A cidade se vestiu de luto, chorou seus mortos e como reação ao trauma que a atingiu, viu seus cidadãos partirem em carreata e irem até o trevo da rodovia para interromperem seu tráfego em protesto. Protesto contra o descaso das autoridades que arrastam a decisão de duplicação e melhoramento do traçado da via há anos, eles mesmos não se entendem, com o DNIT defendendo a duplicação mesmo que a médio prazo e a ANTT defendendo a privatização e, absurdamente, a cobrança de pedágio com a estrada do jeito que está. Essa manifestação espontânea teve o mérito de unir os diversos segmentos sociais e correntes políticas da cidade em torno de uma causa comum, lá estavam governo municipal, empresários, vereadores, deputados, trabalhadores do transporte, representantes da sociedade civil organizada e demais cidadãos de todos os matizes. Já que no momento decidiu-se que as manifestações vão ser periódicas e também se tentar agrupar as outras cidades (des)servidas pela BR-381, poderia se ampliar a discussão para temas como o transporte coletivo caro e de péssima qualidade que temos, a fiscalização ineficiente, a impunidade dos responsáveis por acidentes, a corrupção nos órgãos ligados ao transporte, a legislação sobre a regulamentação da carga horária de motoristas profissionais, a necessidade de oportunidades para se estudar na própria cidade e muitas outras questões que mostram a complexidade da situação que não se reduz simplesmente à prioritária duplicação da estrada e que poderia possibilitar a discussão dos problemas e quem sabe, a solução de alguns.
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