sexta-feira, 14 de junho de 2013

A carta abaixo foi publicada no jornal Acontece de 14 de junho - edição 817 - como comentário ao editorial da edição anterior: 

Prezado Senhor Editor,
A respeito do editorial intitulado “Vazio” da última edição viemos parabenizá-lo pela qualidade do texto e pela iniciativa em abordar questão tão pouco debatida em Caeté. Concordamos que os espaços de participação da sociedade encontram-se, em certo sentido, esvaziados ou precariamente ocupados, parte pela ação de atores que, detendo o poder, não se sentem dispostos a compartilhar a governança, fato ressaltado no editorial, e parte pelo desinteresse na participação e exercício da cidadania da maioria da população, resultado, acreditamos, de um longo processo de despolitização que se originou no período da ditadura civil-militar. Isso pode ser verificado na atuação dos Conselhos Municipais como lembrado, e o Macaca pode falar bem disso, pois além de ser um dos mobilizadores para a criação do Codema, modificado em seu formato inédito, progressista e participativo pela administração passada, vem participando anos a fio em outros conselhos dentro do âmbito de atuação da entidade.  Além do Codema, a maioria dos conselhos teve o seu papel reduzido ou esvaziado porque tiveram a essência de seu caráter modificado pelo poder de plantão, passaram de deliberativos para consultivos, contrariando o que se propôs na Constituição de 88 para os mesmos e abortando dessa forma, infelizmente, o processo de construção da cidadania e empoderamento da sociedade civil.
Quanto a pouca visibilidade do Macaca em suas ações, exceto o Carnacatu, deve-se à participação  ativa, silenciosa e persistente, mormente desapercebida, no processo  de organização da sociedade, especialmente dentro do  campo ambiental, seja  no momento do S.O.S Serra da Piedade, seja na criação do Movimento Serras e Águas de Minas ou na participação no  Movimento de Preservação da Serra do Gandarela.  Além  disso o Macaca tem representações  em comitês de bacias, nos conselhos estadual e nacional de recursos hídricos e em outros fóruns de destaque. A atuação nesses espaços, de forma voluntária, com demandas urgentes, com pouco tempo para divulgação de ações, nem sempre é bem vista porque quase sempre contraria interesses políticos e econômicos e por se situar em uma esfera de conflitos, não se coloca como prática social simpática ou aceitável para esses grupos de poder  incomodados com a corajosa atuação da entidade,  porque o MACACA no fundo, questiona um modelo político e econômico.

Acreditamos que a sociedade civil de Caeté tem procurado se organizar para atuar de forma mais efetiva na defesa de interesses coletivos, haja vista o surgimento da SGPAN, a atuação do Sindicato dos Servidores Municipais e a criação de diversas associações e esperamos que gradativamente seja criada uma nova conjuntura na qual o vazio aparente seja ocupado pelas vozes da cidadania , ancorada na legitimação da política como principal forma de transformação da sociedade e que o poder público esteja aberto ao diálogo e a mudanças.  

Veja carta em: 

http://www.aconteceonline.com.br/jornal/acontece/index.html#/6

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