Prezado Senhor Editor,
A respeito do editorial intitulado “Vazio” da última edição
viemos parabenizá-lo pela qualidade do texto e pela iniciativa em abordar questão
tão pouco debatida em Caeté. Concordamos que os espaços de participação da
sociedade encontram-se, em certo sentido, esvaziados ou precariamente ocupados,
parte pela ação de atores que, detendo o poder, não se sentem dispostos a
compartilhar a governança, fato ressaltado no editorial, e parte pelo
desinteresse na participação e exercício da cidadania da maioria da população,
resultado, acreditamos, de um longo processo de despolitização que se originou
no período da ditadura civil-militar. Isso pode ser verificado na atuação dos
Conselhos Municipais como lembrado, e o Macaca pode falar bem disso, pois além
de ser um dos mobilizadores para a criação do Codema, modificado em seu formato
inédito, progressista e participativo pela administração passada, vem
participando anos a fio em outros conselhos dentro do âmbito de atuação da
entidade. Além do Codema, a maioria dos conselhos
teve o seu papel reduzido ou esvaziado porque tiveram a essência de seu caráter
modificado pelo poder de plantão, passaram de deliberativos para consultivos,
contrariando o que se propôs na Constituição de 88 para os mesmos e abortando
dessa forma, infelizmente, o processo de construção da cidadania e empoderamento
da sociedade civil.
Quanto a pouca visibilidade do Macaca em suas ações, exceto
o Carnacatu, deve-se à participação
ativa, silenciosa e persistente, mormente desapercebida, no
processo de organização da sociedade,
especialmente dentro do campo ambiental,
seja no momento do S.O.S Serra da
Piedade, seja na criação do Movimento Serras e Águas de Minas ou na
participação no Movimento de Preservação
da Serra do Gandarela. Além disso o Macaca tem representações em comitês de bacias, nos conselhos estadual
e nacional de recursos hídricos e em outros fóruns de destaque. A atuação
nesses espaços, de forma voluntária, com demandas urgentes, com pouco tempo
para divulgação de ações, nem sempre é bem vista porque quase sempre contraria
interesses políticos e econômicos e por se situar em uma esfera de conflitos,
não se coloca como prática social simpática ou aceitável para esses grupos de
poder incomodados com a corajosa atuação
da entidade, porque o MACACA no fundo,
questiona um modelo político e econômico.
Acreditamos que a sociedade civil de Caeté tem procurado se
organizar para atuar de forma mais efetiva na defesa de interesses coletivos,
haja vista o surgimento da SGPAN, a atuação do Sindicato dos Servidores
Municipais e a criação de diversas associações e esperamos que gradativamente
seja criada uma nova conjuntura na qual o vazio aparente seja ocupado pelas
vozes da cidadania , ancorada na legitimação da política como principal forma
de transformação da sociedade e que o poder público esteja aberto ao diálogo e
a mudanças.
Veja carta em:
http://www.aconteceonline.com.br/jornal/acontece/index.html#/6