segunda-feira, 12 de março de 2012

Transporte Ferroviário já!

Reproduzimos abaixo o artigo de Ademir Martins Bento, publicado no jornal Acontece, que se mostra muito oportuno, já que o assunto transporte intermunicipal de passageiros gerou uma Audiência Pública da Assembléia Legistiva em Caeté no dia 29 de fevereiro.

A audiência pública sobre o transporte coletivo na semana passada foi um marco para a cidade, resultado da legítima mobilização popular na defesa de seus direitos. A melhoria dos serviços prestados pela Saritur, enquanto concessão pública do transporte intermunicipal vem sendo reclamada há anos e parece que não tem sensibilizado os responsáveis.

A empresa concessionária como o poder público concedente fazem vistas grossas sobre o tratamento degradante imposto aos moradores de Caeté que necessitam deslocar-se, diariamente ou não, até Belo Horizonte.

Espera-se que a audiência traga resultados concretos e de curto prazo para problemas, que percorrem gabinetes e órgãos da administração pública sem que apareçam as soluções. Para que a inoperância não volte a se repetir é necessário manter de forma permanente e organizada a mobilização popular. .

Paralelamente à solução do transporte rodoviário de passageiros, atrelado normalmente à influência e interesses da força política e econômica dos cartéis e monopólios no transporte de massas da RMBH, o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana (PDDI-RMBH), na versão final aprovada em 2011, propõe a transformação da matriz “rodoviarista” dominante na metrópole para a ferroviária.

No capítulo intitulado “Política Integrada de Mobilidade Metropolitana” (http://www.metropolitana.mg.gov.br/documents/pddi/relatorio-final-cedeplar/pddi-rmbh-relatorio-final-volume-2.pdf), o PDDI propõe a priorização do transporte sobre trilhos, combinando a paulatina ampliação do Metrô, entre Belo Horizonte e Betim, com o aproveitamento dos leitos ferroviários desativados da extinta malha da Rede Ferroviária Federal, privatizada nos anos 1990.

Dezenove municípios da região metropolitana de Belo Horizonte se integrarão ao sistema do trem metropolitano, como já ocorre em São Paulo, onde 22 municípios estão integrados e operando pelas linhas do antigo suburbano, que dia a dia vai adquirindo o padrão de qualidade e eficiência de um moderno metrô.

Após a avaliação da infraestrutura existente, obras de recuperação e modernização nos leitos ferroviários da RMBH serão implementadas e, nos casos de ligação com os municípios de menor contingente populacional, a proposta será viabilizada com a implantação dos chamados Veículos Leves sobre Trilhos (VLT). A viabilização deste plano virá desafogar o sistema de transportes e o tráfego, com tarifas reduzidas e a redução drástica do impacto ambiental do sistema atual, beneficiando assim grande número de usuários e cidades da região.

O PDDI-RMBH e sua proposta de reestruturação da mobilidade territorial tem como referência temporal de médio prazo o ano de 2023, e o ano de 2050, no longo prazo. Infelizmente, a extensão do VLT para Caeté e sua região está prevista para algum dia depois de 2050, a menos que a sociedade se mobilize para que esse ponto seja revisto.

Como localidades como Rio Acima e Raposos também são alvo desta desconsideração parece que há interferência de outros segmentos econômicos que querem nos deixar na saudade.

Por um lado os autores do PDDI priorizam as cidades com maior população. Por outro lado, provam do próprio veneno do modelo dito rodoviarista. Ao fazerem pouco caso de municípios como Caeté, impedem que haja reequilíbrio da concentração demográfica metropolitana, e, por outro lado, a reinversão de investimentos que certamente priorização os municípios mais estruturados do ponto de vista viário.

Não sabemos o que as autoridades do Legislativo e do Executivo de Caeté fizeram para impedir tal descaso com nossa cidade. A visão de futuro dos nossos governantes e representantes encerra-se normalmente na próxima eleição, prejudicando um agir e planejar que se estenda além, para infortúnio da coletividade que sobreviverá aos seus mandatos.

A oportunidade para que Caeté possua uma ligação ferroviária em mais curto prazo, livrando-se do monopólio de uma empresa de transporte de passageiros e das concessionárias da malha ferroviária que não cumprem com suas obrigações, surge em meio à pasmaceira dos que, assentados no trono municipal, parecem desconhecer e não agir pelos interesses de Caeté na concertação metropolitana. Somente as forças políticas e sociais mobilizadas, em torno das aspirações da coletividade, mudarão o curso dessa história, tão repetida.

Conclamamos nossos concidadãos para defendermos o Transporte Ferroviário já!


Caeté, 06 de março de 2012.

Ademir Martins Bento

Fonte: http://www.caetenews.com.br/jornal/acontece/pagina10.html

Nenhum comentário: