quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Praça sem Verde


Hoje pela manhã funcionários da prefeitura cortavam uma das últimas árvores que restavam na Praça Getúlio Vargas em José Brandão. A visão que temos agora do lugar é de extrema aridez, só se vê concreto e nenhum verde, causando um impacto terrível, realçado pelo forte calor desse verão. Onde as crianças da escola em frente irão se proteger do sol enquanto aguardam a entrada prás aulas ou na na saída até que alguém os busquem? E os moradores antigos do bairro, muitos,aposentados da extinta Ferro Brasileiro, como poderão encontrar os amigos, conversar e jogar sem a sombra das árvores? E os taxistas que faziam ponto no lugar e aproveitavam a sombra protetora e o frescor enquanto aguardavam passageiros? Pois é, não sabemos o que querem fazer, estão criando um espaço sem vida, um projeto absurdo que sequer foi apresentado à comunidade, enfim, estão fazendo o que querem , os outros que se danem.

Um comentário:

Vascão disse...

Infelizmente vale relembrar uma de minhas cartas quando a prefeitura começou a cortar as árvores junto ao meu trailer. Sobrou apenas aquela que hoje serve de sombra para os taxistas. Quero lamentar que alguns moradores sejam também responsáveis por esse crime pedindo a retirada das árvores em função das folhas que caem em seus quintais. Um absurdo.

" Venho a público implorar para que minha vida não seja cortada.
Aqui nasci e vi Caeté crescer. Acompanhei seus anos de glória e sua derrocada com o fechamento da Companhia. Muitos choraram, sorriram e namoraram perto de mim. Sempre em silêncio cumpri minha função. Eu e minhas companheiras mais novas nos orgulhamos do abrigo e alimento que proporcionamos a tantas criaturas que todo dia nos visitam. Somos testemunhas do nascimento de novos seres todos os anos.
Sei que talvez em virtude da falta de cuidados que as pessoas têm me dispensado, ultimamente pedaços meus lançados ao vento têm incomodado meus vizinhos, mas, nasci e cresci tendo espaço para me expandir e lançar minhas sementes e folhas. Não existiam tantas ruas e casas ao meu redor.
Não é justo que agora depois de tantas décadas seja covardemente assassinada e no meu lugar seja colocada uma outra mais nova, mais forte.
Sinto-me como uma mulher idosa traída e trocada por uma moça mais nova.
Sei que minhas flores lançadas ao chão no fim da primavera, minhas folhas secas e meus galhos velhos e quebradiços incomodam alguns de vocês, mas a fumaça de vossos carros, o barulho de vossos aparelhos eletrônicos também me incomoda.
Não sou do tamanho de uma Serra da Piedade mas se não sou patrimônio de Minas Gerais me sinto patrimônio de cada passarinho ou borboleta que durante décadas e décadas ajudei a preservar.
Não permitam que um abaixo assinado feito pelos moradores da rua decida sobre minha vida ou morte pois todos aqueles animais que dependem de mim infelizmente não sabem escrever para se manifestarem contra tal absurdo.
Não permitam que aconteça comigo e minhas companheiras o que aconteceu com as árvores que ornamentavam a calçada lateral da garagem da Saritur.
Se estivermos fracas, nos adubem. Se estivermos com galhos quebradiços, nos podem.
Quantas décadas levarão para que novas árvores consigam atingir o tamanho e a beleza que possuímos.
Sou grata a este moço, muitas vezes duro e rabugento, que montou um trailer na sombra de meus galhos para vender pastéis, pois através dele estou manifestando meu emocionado apelo:
Por favor não me matem somente porque estou velha e provoco muita sujeira!


Porta voz de uma velha árvore da Rua Pres Kennedy
José Brandão"

Nos restou apenas as fotos da praça ainda arborizada no Google e em alguns arquivos fotográficos pessoais como o meu.

Vascão do pastel