quarta-feira, 21 de abril de 2010

Capina Química

Aplicação recente de herbicida em rua do Bairro Charnaux (foto MACACA)

O uso do glifosato, poderoso e perigoso herbicida, na capina química das ruas da cidade já virou prática corriqueira da prefeitura através da empreiteira Viasolo, só que existe um detalhe, importante e ignorado: segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o uso do glifosato (conhecido popularmente também como Roundup, marca da transnacional Monsanto) é proibido em áreas urbanas.

Segundo a Gerência Geral de Toxicologia - GGTOX da ANVISA "A aplicação de qualquer agrotóxico em área urbana ('capina química') não é permitida no país. A monografia do agrotóxico citado (roundup, glifosato) pode ser consultada no endereço eletrônico http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/g01.pdf, onde o item ‘m’ (uso não agrícola) descreve:

“Modalidade de emprego: aplicação em margens de rodovias e ferrovias, áreas sob a rede de transmissão elétrica, pátios industriais, oleodutos e aceiros”.

Donde se nota que sua aplicação nas ruas ou em qualquer área urbana não está inclusa na modalidade de emprego, e portanto não autorizada.

As monografias da Anvisa têm força de norma e são dispositivos legais, tendo sido publicadas através da RDC nº 165, de 29 de agosto de 2003. Cada monografia de agrotóxico pode ser acessada em http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/index.htm. Além do exemplo já citado (glifosato), há outros, como o herbicida imazapir, cuja monografia pode ser acessada em http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/i012.pdf (ver item “l” - uso não agrícola). Note que
a capina química em ambiente urbano não está autorizada (portanto é proibida)."

"O efeito do glifosato no organismo humano é cumulativo e a intensidade da intoxicação depende do tempo de contato com o produto. Os sintomas de intoxicação previstos incluem irritações na pele e nos olhos, náuseas e tonturas, edema pulmonar, queda da pressão sangüínea, alergias, dor abdominal, perda de líquido gastrointestinal, vômito, desmaios, destruição de glóbulos vermelhos no sangue e danos no sistema renal. O herbicida pode continuar presente em alimentos num período de até dois anos após o contato com o produto e em solos por mais de três anos, dependendo do tipo de solo e clima. Como o produto possui uma alta solubilidade em água, sua degradação inicial é rápida, seguida, porém, de uma degradação lenta. Suas moléculas foram encontradas tanto em águas superficiais como subterrâneas. A acumulação pode ocorrer através do contato das plantas com o herbicida (folhas, frutos) e seus efeitos mutantes podem ocorrer tanto em plantas como nos organismos dos consumidores. As plantas podem absorver o produto do solo, movendo-o e concentrando-o para partes utilizadas como alimento, com grandes variações."
Por ANTÔNIO INÁCIO ANDRIOLI
Doutorando em Ciências Sociais na Universidade de Osnabrück – Alemanha
http://www.espacoacademico.com.br/051/51andrioli.htm
Além do uso pela prefeitura no serviço de limpeza de espaços públicos os herbicidas a base de glifosato são vendidos no comércio da cidade e seu uso por pessoas pouco informadas sobre os seu riscos vem se alastrando e já é comum vermos trabalhadores munidos de bombas manuais utilizando-o em lotes, quintais, passeios e mesmo ruas.
Portanto o uso de glifosato é proibido em ambiente urbano e os riscos são grandes. Onde estão o CODEMA, o Conselho de Saúde e a Câmara de Caeté para exigirem dos responsáveis o cumprimento da norma de proteção da saúde da população e do meio ambiente?

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