Reproduzimos abaixo, na íntegra, reportagem do Jornal Opinião sobre o Viva Gandarela:
29 de Abril de 2010
Ato simbólico pede a preservação da Serra da Gandarela
Movimento ambiental pede a criação de um parque nacional para a preservação da região
Gustavo Pinheiro
Integrantes do Projeto Manuelzão e do Movimento de Preservação da Serra da Gandarela realizaram sábado um ato simbólico de abraço em defesa da Serra da Gandarela, localizada entre Barão, Caeté, Santa Bárbara, Rio Acima, Raposos e Itabirito. O objetivo foi o de sensibilizar a população para a importância de se proteger o último reduto ambiental da área do quadrilátero ferrífero. A ação reuniu estudantes, pesquisadores e defensores da preservação de várias regiões da Grande BH.
A Serra da Gandarela é o último reduto ambiental da região metropolitana de Belo Horizonte e da APA Sul. Nela são encontradas biomas como Mata Atlântica, Cerrado e ainda a vegetação de canga. A serra é ainda um grande reservatório natural de águas, possuindo água de alta qualidade, que dispensa o tratamento prévio. A região é rica em cachoeiras, lagos, sítios históricos e paleoambientais. A Serra mantém a maior área de cangas preservadas de Minas Gerais. Nesse ambiente, habitam espécies vegetais e animais raros. Mais de 100 cavernas já foram registradas, sendo algumas delas caracterizadas como de máxima relevância para preservação.
Não apenas membros de movimentos ambientais estão engajados na preservação da Serra da Gandarela, mas muitas outras pessoas foram conquistadas pelas características fantásticas da região. “Temos aqui um patrimônio que está acima do deus mercado. São espaços e bens assim que mostram o verdadeiro valor de um povo. Um espaço e uma paisagem que articula sítios históricos, que preserva a natureza peculiar a uma região pouco conhecida e que, infelizmente, ficou cercada de lugares importantes desfigurados. De outro modo, e para sermos mais pontuais com a nossa sobrevivência, é nela que nascem alguns dos cursos de água mais importantes para o abastecimento público de várias cidades e da região metropolitana”, avalia o jornalista Gustavo Tostes Gazzinelli, um dos líderes do movimento que pede a criação do Parque Nacional das Águas do Gandarela.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão federal responsável pela criação de unidades de conservação, recebeu a proposta de criação naquela região do Parque Nacional Águas do Gandarela e já sinalizou que a região tem os atributos indispensáveis para sua criação.
ENTREVISTA COM JORNALISTA GUSTAVO TOSTES GAZZINELLI
OPN: A Serra da Gandarela é o último reduto ambiental da região metropolitana de Belo Horizonte e da APA Sul. É rica em cachoeiras, sítios históricos, paleoambientais e hídricos. Como você avalia a potencialidade desta região?
Estivemos lá neste sábado, no Viva Gandarela. Fiquei ainda mais perplexo com o potencial ambiental deste lugar. É como se fosse uma ilha de preservação, biodiversidade e água, a poucos quilômetros de uma região metropolitana que em poucos anos terá dez milhões de habitantes. Integrada ao Caraça, a Serra do Gandarela será possivelmente a reserva natural mais importante de toda a região Leste do Brasil. Ninguém imagina o quanto isso poderá agregar ao potencial econômico e à qualidade de vida de nossa região, sem falar da autoestima dos seus habitantes, habituados a só acharem belo o que está fora, ou a conviver com as crateras minerárias que se vão multiplicando a torto e a direito. Precisamos de motivos como este para nos orgulharmos.
OPN: Qual a importância de se manter preservada a Serra?
Primeiro, termos um lugar em que possamos dizer: aqui a ganância não adentrou. Temos aqui um patrimônio que está acima do deus mercado. São espaços e bens assim que mostram o verdadeiro valor de um povo. Um espaço e uma paisagem que articula sítios históricos, que preserva a natureza peculiar a uma região pouco conhecida e que, infelizmente, ficou cercada de lugares importantes desfigurados. De outro modo, e para sermos mais pontuais com a nossa sobrevivência, é nela que nascem alguns dos cursos de água mais importantes para o abastecimento público de várias cidades e da região metropolitana. E são águas que em boa parte poderiam ser engarrafadas e vendidas para consumo humano, tal a sua qualidade. É uma pena que nossas lideranças e autoridades públicas fiquem sentadas aguardando a primeira oferta para destruição desse manancial e oásis, para trazer resultados econômicos de curto prazo e destruir a galinha dos ovos de ouro para sempre. Afinal qual o investimento efetivo que estas autoridades têm feito para potencializar o uso turístico e a criação de royalties da produção de água que verte da Serra do Gandarela? Creio que nada! Se habituaram à cultura perversa do extrativismo irreversível. Não semeiam, não plantam e não colhem valores. Não cultivam esperanças, não constroem perspectivas duradouras. Se habituaram ao paternalismo de uma grande empresa, como se não tivessem nada a desenvolver. É triste, é patético.
OPN:A criação do parque nacional garantirá a preservação da área?
Certamente, a criação do Parque Nacional, o primeiro e mais importante no bioma Mata Atlântica, associado a campos rupestres sobre cangas ferruginosas e quartzíticas - a cara da nossa região -, será um importante fator para preservar a área, mas as garantias também dependerão da construção de uma ordem moral mais sólida, menos volátil, de políticos e de uma sociedade que não se vendam, que não aceitem projetos de curto prazo que serão a danação das gerações futuras - e da volta do transporte ferroviário para esta região, disciplinando e dando valor ao uso e à sua fruição territorial. Além do Caraça e da Serra da Piedade, há potencial para novos centros de espiritualidade em lugares como a Serra do Gandarela, e para a estruturação de um centro de pesquisa internacional, do qual possam fluir pólos de alta tecnologia nos municípios que se beneficiarão deste santuário natural. Só não vê quem não quer e não se informa. Tenho a sensação às vezes que estarmos regredindo, quando poderíamos ser modelo de uma nova perspectiva de desenvolvimento..
OPN: Como está o processo de criação do parque nacional? O movimento ambiental está confiante de que o parque será criado?
A Serra do Gandarela é tão importante, que dezenas de movimentos e entidades já se somaram ao projeto de sua preservação. Durante as audiências públicas para debater a mina que a Vale quer ali colocar, temos recebido grande apoio. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão federal responsável pela criação de unidades de conservação, recebeu a proposta e já sinalizou que a região tem os atributos indispensáveis para a criação de um parque nacional. Sabemos que há um processo administrativo instaurado, que a proposta está avançada, tendo já ocorrido vistorias técnicas na maior parte da área e que o parque terá grande apoio popular. Parece que as pessoas já conhecem as marcas e a paisagem que a mineração deixa, por onde vai passando. Então percebemos que a criação do parque nacional será vitoriosa - porque a defesa da água e o acúmulo de impactos de várias minas em operação, a maioria das quais pertencentes à Vale, sinaliza que devemos ter salvaguardas, preservar o pouco mas ainda muito significativo que nos restou, e este é o caso único da Serra do Gandarela, que, em conexão com o Caraça, é o território mais significativo ainda preservado da região central de Minas Gerais. A força do Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela só tem aumentado. Temos ouvido de técnicos do governo estadual que a condição ecológica da Serra do Gandarela não encontra precedentes em nossa região. Deixá-la acabar seria um crime jamais esquecido e, graças a Deus, muitos querem preservar sua honra e memória.
OPN: Qual a representação do evento que aconteceu no último sábado?
O 1º Viva Gandarela surpreendeu-nos pela participação e pela presença de comunidades e representantes de vários municípios relacionados à defesa da Serra do Gandarela, como Caeté, Santa Bárbara, Raposos e Rio Acima, além da presença de entidades e pessoas de Belo Horizonte e de Minas Gerais, como o Projeto Manuelzão e o Sindágua. A visita serviu para confirmar a importância e a complexidade de ambientes que compõem a Serra do Gandarelar - isto ficou registrado nos olhos dos que lá estiveram. Por outro lado, percebemos que a composição do movimento vai se adensando, e que ultrapassa a centralidade inicial do processo de mobilização. Somos muitos agora.
Fonte: http://www.opiniaocaete.com.br/
Blog dedicado a ser fórum interno e externo de participação nesta Ong de Caeté - MG - Brasil. email: omacaca@yahoo.com.br
sexta-feira, 30 de abril de 2010
TVNL - Rolé no Gandarela
A TV Nova Lima esteve no Viva Gandarela e está divulgando um ótimo vídeo sobre o encontro, confiram no link abaixo:
http://tvnl.com.br/index.php?view=video&id=199
http://tvnl.com.br/index.php?view=video&id=199
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Olhos e coração no Gandarela
Veja as maravilhas do Gandarela através das lentes do fotógrafo Robson de Oliveira. Acesse as fotos através do link abaixo:
http://www.flickr.com/photos/robsondeoliveira/sets/72157623931793830/show/with/4552973948
http://www.flickr.com/photos/robsondeoliveira/sets/72157623931793830/show/with/4552973948
sábado, 24 de abril de 2010
Viva o Gandarela...Viva!
Serra do Gandarela, água e vida: a verdadeira riqueza.
"Lagoa do Metro", linda e rara lagoa cárstica sobre canga, patrimônio natural da Serra do Gandarela.
Vista do belíssimo vale do Ribeirão da Prata. Imagine essa preciosidade ocupada por uma gigantesca barragem de rejeitos como está no projeto da Mina Apolo?
Momento do abraço, primeiro para as nascentes do Rio das Velhas (bacia do São Francisco), depois para as nascentes do Rio Piracicaba (Bacia do Doce). Foto: Tarcísio Martins (APHA-BV).
Obs.: todas a fotos, exceto as indicadas, pertencem ao MACACA. O datador do equipamento fotográfico encontrava-se alterado, a data correta é 24/04/2010.
O Viva Gandarela foi um sucesso com a participação de centenas de pessoas de Caeté, Raposos, Nova Lima, Rio Acima, Santa Bárbara, Barão de Cocais e Belo Horizonte que correram entusiasmadas para os altos do Gandarela e lá fizeram uma grande festa, com abraço, mostra de arte, orientação de especialistas da UFMG, trilhas e muito mais. Foi uma grande festa onde todos deram as mãos e se comprometeram a redobrar os esforços para a preservação desse maravilhoso lugar e pela criação do Parque Nacional do Gandarela.
Aqui o depoimento de Tarcísio Martins, da Associação do Patrimônio Histórico e Artístico de Belo Vale, presente ao evento:
"Foi gratificante participar do Movimento "Viva Gandarela" que aconteceu no dia 24/04, para garantir a preservação da Serra e torná-la "Parque Nacional Águas do Gandarela".
Parabéns a todos pela organização do evento e à Teca pela coordenação. Num dia muito especial com céu azul e muito verde, os participantes foram contemplados em reconhecer a realidade de um santuário ameaçado pela mineração. Ao mesmo tempo, o alto nível de informação levado por profissionais competentes, mostra que a implantação do "Parque" é prioridade.
Parabéns a todos; participe do movimento e assine o documento pelo Parque da Gandarela."
Parabéns a todos pela organização do evento e à Teca pela coordenação. Num dia muito especial com céu azul e muito verde, os participantes foram contemplados em reconhecer a realidade de um santuário ameaçado pela mineração. Ao mesmo tempo, o alto nível de informação levado por profissionais competentes, mostra que a implantação do "Parque" é prioridade.
Parabéns a todos; participe do movimento e assine o documento pelo Parque da Gandarela."
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Capina Química
Aplicação recente de herbicida em rua do Bairro Charnaux (foto MACACA)
O uso do glifosato, poderoso e perigoso herbicida, na capina química das ruas da cidade já virou prática corriqueira da prefeitura através da empreiteira Viasolo, só que existe um detalhe, importante e ignorado: segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o uso do glifosato (conhecido popularmente também como Roundup, marca da transnacional Monsanto) é proibido em áreas urbanas.
Segundo a Gerência Geral de Toxicologia - GGTOX da ANVISA "A aplicação de qualquer agrotóxico em área urbana ('capina química') não é permitida no país. A monografia do agrotóxico citado (roundup, glifosato) pode ser consultada no endereço eletrônico http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/g01.pdf, onde o item ‘m’ (uso não agrícola) descreve:
“Modalidade de emprego: aplicação em margens de rodovias e ferrovias, áreas sob a rede de transmissão elétrica, pátios industriais, oleodutos e aceiros”.
Donde se nota que sua aplicação nas ruas ou em qualquer área urbana não está inclusa na modalidade de emprego, e portanto não autorizada.
As monografias da Anvisa têm força de norma e são dispositivos legais, tendo sido publicadas através da RDC nº 165, de 29 de agosto de 2003. Cada monografia de agrotóxico pode ser acessada em http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/index.htm. Além do exemplo já citado (glifosato), há outros, como o herbicida imazapir, cuja monografia pode ser acessada em http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/i012.pdf (ver item “l” - uso não agrícola). Note que a capina química em ambiente urbano não está autorizada (portanto é proibida)."
"O efeito do glifosato no organismo humano é cumulativo e a intensidade da intoxicação depende do tempo de contato com o produto. Os sintomas de intoxicação previstos incluem irritações na pele e nos olhos, náuseas e tonturas, edema pulmonar, queda da pressão sangüínea, alergias, dor abdominal, perda de líquido gastrointestinal, vômito, desmaios, destruição de glóbulos vermelhos no sangue e danos no sistema renal. O herbicida pode continuar presente em alimentos num período de até dois anos após o contato com o produto e em solos por mais de três anos, dependendo do tipo de solo e clima. Como o produto possui uma alta solubilidade em água, sua degradação inicial é rápida, seguida, porém, de uma degradação lenta. Suas moléculas foram encontradas tanto em águas superficiais como subterrâneas. A acumulação pode ocorrer através do contato das plantas com o herbicida (folhas, frutos) e seus efeitos mutantes podem ocorrer tanto em plantas como nos organismos dos consumidores. As plantas podem absorver o produto do solo, movendo-o e concentrando-o para partes utilizadas como alimento, com grandes variações."
Por ANTÔNIO INÁCIO ANDRIOLI
Doutorando em Ciências Sociais na Universidade de Osnabrück – Alemanha
http://www.espacoacademico.com.br/051/51andrioli.htm
Segundo a Gerência Geral de Toxicologia - GGTOX da ANVISA "A aplicação de qualquer agrotóxico em área urbana ('capina química') não é permitida no país. A monografia do agrotóxico citado (roundup, glifosato) pode ser consultada no endereço eletrônico http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/g01.pdf, onde o item ‘m’ (uso não agrícola) descreve:
“Modalidade de emprego: aplicação em margens de rodovias e ferrovias, áreas sob a rede de transmissão elétrica, pátios industriais, oleodutos e aceiros”.
Donde se nota que sua aplicação nas ruas ou em qualquer área urbana não está inclusa na modalidade de emprego, e portanto não autorizada.
As monografias da Anvisa têm força de norma e são dispositivos legais, tendo sido publicadas através da RDC nº 165, de 29 de agosto de 2003. Cada monografia de agrotóxico pode ser acessada em http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/index.htm. Além do exemplo já citado (glifosato), há outros, como o herbicida imazapir, cuja monografia pode ser acessada em http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/i012.pdf (ver item “l” - uso não agrícola). Note que a capina química em ambiente urbano não está autorizada (portanto é proibida)."
"O efeito do glifosato no organismo humano é cumulativo e a intensidade da intoxicação depende do tempo de contato com o produto. Os sintomas de intoxicação previstos incluem irritações na pele e nos olhos, náuseas e tonturas, edema pulmonar, queda da pressão sangüínea, alergias, dor abdominal, perda de líquido gastrointestinal, vômito, desmaios, destruição de glóbulos vermelhos no sangue e danos no sistema renal. O herbicida pode continuar presente em alimentos num período de até dois anos após o contato com o produto e em solos por mais de três anos, dependendo do tipo de solo e clima. Como o produto possui uma alta solubilidade em água, sua degradação inicial é rápida, seguida, porém, de uma degradação lenta. Suas moléculas foram encontradas tanto em águas superficiais como subterrâneas. A acumulação pode ocorrer através do contato das plantas com o herbicida (folhas, frutos) e seus efeitos mutantes podem ocorrer tanto em plantas como nos organismos dos consumidores. As plantas podem absorver o produto do solo, movendo-o e concentrando-o para partes utilizadas como alimento, com grandes variações."
Por ANTÔNIO INÁCIO ANDRIOLI
Doutorando em Ciências Sociais na Universidade de Osnabrück – Alemanha
http://www.espacoacademico.com.br/051/51andrioli.htm
Além do uso pela prefeitura no serviço de limpeza de espaços públicos os herbicidas a base de glifosato são vendidos no comércio da cidade e seu uso por pessoas pouco informadas sobre os seu riscos vem se alastrando e já é comum vermos trabalhadores munidos de bombas manuais utilizando-o em lotes, quintais, passeios e mesmo ruas.
Portanto o uso de glifosato é proibido em ambiente urbano e os riscos são grandes. Onde estão o CODEMA, o Conselho de Saúde e a Câmara de Caeté para exigirem dos responsáveis o cumprimento da norma de proteção da saúde da população e do meio ambiente?
Portanto o uso de glifosato é proibido em ambiente urbano e os riscos são grandes. Onde estão o CODEMA, o Conselho de Saúde e a Câmara de Caeté para exigirem dos responsáveis o cumprimento da norma de proteção da saúde da população e do meio ambiente?
domingo, 18 de abril de 2010
Viva Gandarela
Convidamos a todos e a todas a conhecerem o último reduto ambiental da Região Metropolitana de Belo Horizonte e da APA-Sul, riquíssimo em biodiversidade, cavernas, lagoas, sítios históricos, paleoambientais e hídricos: a Serra do Gandarela.
Neste momento de união pela sua preservação, contamos com sua participação e apoio. Participe do Viva Gandarela, traga sua família, encontre seus amigos e ajude a salvar esse patrimônio natural que é de todos.
Dia 24 de abril, sábado.
Contato: Ademir Bento - 3651-3689
domingo, 11 de abril de 2010
Patrimônio histórico de Brandão exige atenção.
Como está o patrimônio histórico de nossa cidade?
Existe uma preocupação muito grande com o patrimônio dos séculos XVIII e XIX, a maior parte tombado, mas como está o patrimônio do século XX, este ainda não protegido. Grande parte desses bens estão no bairro José Brandão, construído pela antiga Cia. Ferro Brasileiro em meados dos anos 40 do século passado para moradia de seus funcionários, provido de toda infra-estrutura e serviços como escolas, hospital, cinema, clubes, campos de esporte, etc. Tal prática era comum entre algumas empresas do período, que garantiam a proximidade da força de trabalho junto à indústria e mesmo um “exército de reserva”, representado por trabalhadores a serem inseridos no processo de produção que se amparava no modelo fordista.
As diversas edificações do período tem valor histórico por fazerem parte de período importante do processo de industrialização do país e por apresentarem características arquitetônicas marcantes, algumas com forte influência européia.
O patrimônio histórico de José Brandão reclama atenção imediata antes que se perca ou se descaracterize irremediavelmente.
Existe uma preocupação muito grande com o patrimônio dos séculos XVIII e XIX, a maior parte tombado, mas como está o patrimônio do século XX, este ainda não protegido. Grande parte desses bens estão no bairro José Brandão, construído pela antiga Cia. Ferro Brasileiro em meados dos anos 40 do século passado para moradia de seus funcionários, provido de toda infra-estrutura e serviços como escolas, hospital, cinema, clubes, campos de esporte, etc. Tal prática era comum entre algumas empresas do período, que garantiam a proximidade da força de trabalho junto à indústria e mesmo um “exército de reserva”, representado por trabalhadores a serem inseridos no processo de produção que se amparava no modelo fordista.
As diversas edificações do período tem valor histórico por fazerem parte de período importante do processo de industrialização do país e por apresentarem características arquitetônicas marcantes, algumas com forte influência européia.
O patrimônio histórico de José Brandão reclama atenção imediata antes que se perca ou se descaracterize irremediavelmente.
domingo, 4 de abril de 2010
A Páscoa da Terra crucificada
Leonardo Boff
A páscoa é uma festa comum a judeus e a cristãos e encerra uma metáfora da atual situação da Terra, nossa devastada morada comum. Etimologicmente, páscoa significa passagem da escravidão para a liberdade e da morte para a vida. O Planeta como um todo está passando por uma severa páscoa. Estamos dentro de um processo acelerado de perda: de ar, de solos, de água, de florestas, de gelos, de oceanos, de biodiversidade e de sustentabilidade do própro sistema-Terra. Assistimos estarrecidos aos terremotos no Haiti e no Chile, seguidos de tsunams. Como se relaciona tudo isso com a Terra? Quando as perdas vão parar? Ou para onde nos poderão conduzir? Podemos esperar como na Páscoa que após a sexta-feira santa de paixão e morte, irrompe sempre nova vida e ressurreição?
Precisamos de um olhar retrospectivo sobre a história da Terra para lançarmos alguma luz sobre a crise atual. Antes de mais nada, cumpre reconhecer que terremotos e devastações são recorrentes na história geológica do Planeta. Existe uma “taxa de extinção de fundo” que ocorre no processo normal da evolução. Espécies existem por milhões e milhões de anos e depois desparecem. É como um indivíduo que nasce, vive por algum tempo e morre. A extinção é o destino dos indivíduos e das espécies, também da nossa.
Mas além deste processo natural, existem as extinções em massa. A Terra, segundo geólogos, teria passado por 15 grandes extinções desta natureza. Duas foram especialmente graves. A primeira ocorrida há 245 milhões de anos por ocasião da ruptura de Pangéia, aquela continente único que se fragmentou e deu origem aos atuais continentes. O evento foi tão devastador que teria dizimado entre 75-95% das espécies de vida então existentes. Por debaixo dos continentes continuam ativas as placas tectônicas, se chocando umas com as outras, se sobrepondo ou se afastando, movimento chamado de deriva continental, responsável pelos terremotos.
A segunda ocorreu há 65 milhões de anos, causada por alterações climáticas, subida do nivel do mar e arquecimento, eventos provocados por um asteróide de 9,6 km caido na América Central. Provocou incêndios infernais, maremotos, gases venenosos e longo obscurecimento do sol. Os dinossauros que por 133 milhões de anos dominavam, soberanos, sobre a Terra, desapareceram totalmente bem como 50% das espécies vivas. A Terra precisou de dez milhões de anos para se refazer totalmente. Mas permitiu uma radiação de biodiversidade como jamais antes na história. O nosso ancestral que vivia na copa das árvores, se alimentando de flores, tremendo de medo dos dinossauros, pôde descer à terra e fazer seu percurso que culminou no que somos hoje.
Cientistas (Ward, Ehrlich, Lovelock, Myers e outros) sustentam que está em curso um outra grande extinção que se iniciou há uns 2,5 millhões e anos quando extensas geleiras começaram a cobrir parte do Planeta, alterando os climas e os níveis do mar. Ela se acelerou enormemente com o surgimento de um verdadeiro meteoro rasante que é o ser humano através de sua sistemática intervenção no sistema-Terra, particularmente nos último s séculos. Peter Ward (O fim da evolução, 1977, p.268) refere que esta extinção em massa se nota claramente no Brasil que nos últimos 35 anos está extinguindo definitivamente quatro espécies por dia. E termina advertindo:”um gigantesco desastre ecológico nos aguarda”.
O que nos causa crise de sentido é a exitência dos terremotos que destroem tudo e dizimam milhares de pessoas como no Haiti e no Chile. E aqui humildemente temos que aceitar a Terra assim como é, ora mãe generosa, ora madrasta cruel. Ela segue mecanismos cegos de suas forças geológicas. Ela nos ignora, por isso os tsunamis e cataclismos são aterradoras. Mas nos passa informações. Nossa missão de seres inteligentes é descodificá-las para evitar danos ou usá-las em nosso benefício. Os animais captam tais informações e antes de um tsunami fogem para lugares altos. Talvez nós outrora, sabíamos captá-las e nos defendíamos. Hoje perdemos esta capacidade. Mas para suprir nossa insuficiência, está ai a ciência. Ela pode descodificar as informações que previamente a Terra nos passa e nos sugerir estratégias de autodefesa e salvamento.
Como somos a própria Terra que tem consciência e inteligência, estamos ainda na fase juvenil, com pouco aprendizado. Estamos ingressando na fase adulta, aprendendo melhor como manejar as energias da Terra e do cosmos. Então a Terra, através de nosso saber, deixará que seus mecanismos sejam destrutivos. Todos vamos ainda crescer, aprender e amadurecer.
A Terra pende da cruz. Temos que tirá-la de lá e ressuscitá-la. Então celebraremos uma páscoa verdadeira, e nos será permitido desejar: feliz Páscoa.
fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4586
A páscoa é uma festa comum a judeus e a cristãos e encerra uma metáfora da atual situação da Terra, nossa devastada morada comum. Etimologicmente, páscoa significa passagem da escravidão para a liberdade e da morte para a vida. O Planeta como um todo está passando por uma severa páscoa. Estamos dentro de um processo acelerado de perda: de ar, de solos, de água, de florestas, de gelos, de oceanos, de biodiversidade e de sustentabilidade do própro sistema-Terra. Assistimos estarrecidos aos terremotos no Haiti e no Chile, seguidos de tsunams. Como se relaciona tudo isso com a Terra? Quando as perdas vão parar? Ou para onde nos poderão conduzir? Podemos esperar como na Páscoa que após a sexta-feira santa de paixão e morte, irrompe sempre nova vida e ressurreição?
Precisamos de um olhar retrospectivo sobre a história da Terra para lançarmos alguma luz sobre a crise atual. Antes de mais nada, cumpre reconhecer que terremotos e devastações são recorrentes na história geológica do Planeta. Existe uma “taxa de extinção de fundo” que ocorre no processo normal da evolução. Espécies existem por milhões e milhões de anos e depois desparecem. É como um indivíduo que nasce, vive por algum tempo e morre. A extinção é o destino dos indivíduos e das espécies, também da nossa.
Mas além deste processo natural, existem as extinções em massa. A Terra, segundo geólogos, teria passado por 15 grandes extinções desta natureza. Duas foram especialmente graves. A primeira ocorrida há 245 milhões de anos por ocasião da ruptura de Pangéia, aquela continente único que se fragmentou e deu origem aos atuais continentes. O evento foi tão devastador que teria dizimado entre 75-95% das espécies de vida então existentes. Por debaixo dos continentes continuam ativas as placas tectônicas, se chocando umas com as outras, se sobrepondo ou se afastando, movimento chamado de deriva continental, responsável pelos terremotos.
A segunda ocorreu há 65 milhões de anos, causada por alterações climáticas, subida do nivel do mar e arquecimento, eventos provocados por um asteróide de 9,6 km caido na América Central. Provocou incêndios infernais, maremotos, gases venenosos e longo obscurecimento do sol. Os dinossauros que por 133 milhões de anos dominavam, soberanos, sobre a Terra, desapareceram totalmente bem como 50% das espécies vivas. A Terra precisou de dez milhões de anos para se refazer totalmente. Mas permitiu uma radiação de biodiversidade como jamais antes na história. O nosso ancestral que vivia na copa das árvores, se alimentando de flores, tremendo de medo dos dinossauros, pôde descer à terra e fazer seu percurso que culminou no que somos hoje.
Cientistas (Ward, Ehrlich, Lovelock, Myers e outros) sustentam que está em curso um outra grande extinção que se iniciou há uns 2,5 millhões e anos quando extensas geleiras começaram a cobrir parte do Planeta, alterando os climas e os níveis do mar. Ela se acelerou enormemente com o surgimento de um verdadeiro meteoro rasante que é o ser humano através de sua sistemática intervenção no sistema-Terra, particularmente nos último s séculos. Peter Ward (O fim da evolução, 1977, p.268) refere que esta extinção em massa se nota claramente no Brasil que nos últimos 35 anos está extinguindo definitivamente quatro espécies por dia. E termina advertindo:”um gigantesco desastre ecológico nos aguarda”.
O que nos causa crise de sentido é a exitência dos terremotos que destroem tudo e dizimam milhares de pessoas como no Haiti e no Chile. E aqui humildemente temos que aceitar a Terra assim como é, ora mãe generosa, ora madrasta cruel. Ela segue mecanismos cegos de suas forças geológicas. Ela nos ignora, por isso os tsunamis e cataclismos são aterradoras. Mas nos passa informações. Nossa missão de seres inteligentes é descodificá-las para evitar danos ou usá-las em nosso benefício. Os animais captam tais informações e antes de um tsunami fogem para lugares altos. Talvez nós outrora, sabíamos captá-las e nos defendíamos. Hoje perdemos esta capacidade. Mas para suprir nossa insuficiência, está ai a ciência. Ela pode descodificar as informações que previamente a Terra nos passa e nos sugerir estratégias de autodefesa e salvamento.
Como somos a própria Terra que tem consciência e inteligência, estamos ainda na fase juvenil, com pouco aprendizado. Estamos ingressando na fase adulta, aprendendo melhor como manejar as energias da Terra e do cosmos. Então a Terra, através de nosso saber, deixará que seus mecanismos sejam destrutivos. Todos vamos ainda crescer, aprender e amadurecer.
A Terra pende da cruz. Temos que tirá-la de lá e ressuscitá-la. Então celebraremos uma páscoa verdadeira, e nos será permitido desejar: feliz Páscoa.
fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4586
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