O
Movimento Artístico, Cultural e Ambiental de Caeté - MACACA, vem a público manisfestar-se a respeito da possível implantação da Mina Apolo, da empresa Vale, em nosso município.
Como estamos vendo a possível chegada da Vale?
Com muita preocupação. Estamos acompanhando desde o final de 2007, quando saíram as primeiras notícias sobre uma mina de ouro gigantesca em nosso município assim como um mega empreendimento de minério de ferro a céu aberto.
Onde é o local em que a Vale pretende implantar a Mina Apolo?
No extremo sul de Caeté, logo abaixo de Morro Vermelho, na Serra do Gandarela, conhecida também como Maquiné, Pianco ou Piaco. Esta serra funciona como uma grande caixa d’água que abastece com as melhores águas o Rio das Velhas (na vertente de Caeté) e o Rio Doce (na vertente de Santa Bárbara). Isso significa que a Serra do Gandarela é responsável pelo abastecimento público de água de Santa Bárbara, Barão de Cocais, Raposos, Rio Acima e Belo Horizonte e parte de Caeté .
Motivos para a nossa preocupação:
1. A Vale veio tentando licenciar a Mina Apolo de forma fragmentada, como se fosse um empreendimento de porte insignificante – dessa forma não seriam necessários estudos de impacto ambiental e audiências públicas, por exemplo.
2. Este empreendimento é tão grande que seus impactos serão imensos, não só para Caeté, como para Santa Bárbara, Raposos, Rio Acima, Barão de Cocais e Belo Horizonte. A Mina Apolo está planejada para ocupar aproximadamente 20 % do nosso município. É precisamente a área que tem uma grande vocação turística.
3. A atividade de mineração não dá mais de uma “safra” e, quando acabar o minério, nada mais haverá: nossas nascentes, as inúmeras cachoeiras, a Bacia do Ribeirão da Prata com suas águas de qualidade, a biodiversidade e a paisagem. Até os empregos acabarão.
4. Caeté depende da água que nasce em seu território, porque os demais municípios ao redor estão abaixo de nós. Isso significa que precisamos proteger nossos mananciais para não ter sérios problemas de abastecimento público. Água é, assim, o bem mais precioso que temos – muitos lugares não têm os recursos hídricos em quantidade e qualidade que nós temos.
5. Será que tem sentido perder definitivamente este bem em troca de empregos e geração de renda da atividade de mineração que terminará em 17 anos? Será que não podemos criar empregos e geração de renda de maior qualidade, e sem tantos prejuízos, através de outras alternativas econômicas, como o turismo e a agricultura bem implantados?
6. E nossas crianças e seus filhos? Que futuro terão? Que água beberão ou quanto pagarão por ela se tiver que ser tratada e trazida de longe?
7. Não queremos ver Caeté e o distrito de Morro Vermelho caóticos, como ficou Barão de Cocais com a Mina de Brucutu. A Mina Apolo prevê uma média de 2.000, e 4.100 homens na fase de implantação. A maioria vem sem suas famílias.
8. O aumento repentino da população trará problemas no atendimento público de saúde e no trânsito, aumento considerável da criminalidade e da prostituição, crescimento urbano desordenado, aumento do custo de vida.
9. Estamos percebendo que o valor dos aluguéis já aumentou muito e a comunidade de Caeté que não tem moradia própria vai passar situações muito difíceis quando renovarem seus contratos de locação.
10. A tranqüilidade, e a relativa segurança, que ainda temos e tanto prezamos, que nos faz sentir uma sensação boa quando deixamos a BR e iniciamos a subida para Caeté, acabará se este empreendimento acontecer.
Como vemos a questão da geração de empregos?
Para nós, a atividade do turismo, por exemplo, gera empregos e renda de melhor qualidade e maior diversidade e possibilita uma circulação mais justa de dinheiro no município. E, quando bem implantada, traz a preservação do meio ambiente e da água – o que significa qualidade de vida não só para a presente como para as futuras gerações. Estamos a 50 km de uma grande capital, cuja população precisa cada vez mais de lugares com a beleza e qualidade de vida de de Caeté para seu lazer e descanso. Isso sim é uma grande “mina de ouro”. Além do que o município poderá receber recursos por prestação de serviços ambientais referente ao fornecimento de água de qualidade para outros municípios assim como ICMS ecológico. Mas para isso, é necessário que haja interesse do poder público e de nossos políticos. Caso a Mina Apolo aconteça, essa alternativa fica inviável.
Será que vale a pena?
Pedimos a cada caeteense que reflita profundamente se os interesses econômicos da mineração – que visam atender a demanda internacional e manter o lucro dos acionistas – vão continuar prevalecendo sobre os bens mais valiosos para a
VIDA e o
FUTURO.
Este é o desafio pelo qual o mundo passa no momento: escolher entre o “aqui e agora” - num modelo de desenvolvimento baseado no materialismo - e o futuro da vida no planeta Terra.
A escolha é nossa!
E somos nós, e quem virá depois, que pagarão por essa escolha.
Refletir e participar é fundamental.
omacaca@yahoo.com.br