quarta-feira, 10 de junho de 2009

Estética da Aridez


Fotos: MACACA

Dia 9, numa manhã de terça deste mês de junho, quando o sol aquecia o outono com ares de inverno, o incômodo barulho de uma motoserra na praça de José Brandão interrompia a quietude do lugar. O primeiro pensamento que veio à tona foi, será que a prefeitura resolveu podar um pouco as árvores tomadas há bastante tempo pela erva-de-passarinho e que necessitavam de cuidados urgentes, em uma época ideal para isso, pois as plantas, seguindo os invisíveis e sábios preceitos da natureza, reduzem suas atividades no atual período para explodirem em vitalidade, flores e frutos na primavera e verão? Pois qual não foi a surpresa ao se constatar que os zelosos funcionários da municipalidade ultrapassavam em muito os critérios de uma poda racional, isto é, já tinham passado pelo estágio da habitual mutilação que a própria prefeitura e também a CEMIG já realizaram na cidade e no momento já estavam no processo de supressão de uma frondosa, saudável e bela árvore. Como entender mais esse absurdo, em vez de cuidar da árvore infestada por erva daninha, um ser vivo essencial para o meio ambiente e para manutenção da qualidade de vida do lugar e da cidade, estavam simplesmente cortando-a, pois segundo os mesmos não havia outra solução. Como não havia outra solução, será que cuidamos de um doente cortando-lhe a cabeça? Onde estão as técnicas para cuidar da vegetação arbórea urbana, existe um planejamento para manutenção das árvores existentes, existe um plano para arborização da cidade, existe acompanhamento das árvores recentemente plantadas, existe pessoal competente, não somente às vezes com uma pretensiosa competência técnica, mas quem sabe talvez, a sabedoria de alguém que conheça e cuide das plantas com sensibilidade e carinho. O Governo municipal vem sistematicamente, há mais de quatro anos, eliminando as árvores de nossa cidade, perguntamos, qual o motivo, a que (ou a quem) serve essa estética árida do concreto e do asfalto?

5 comentários:

Vascão disse...

Apelo de uma condenada á morte

Venho a público implorar para que minha vida não seja cortada.
Aqui nasci e vi Caeté crescer. Acompanhei seus anos de glória e sua derrocada com o fechamento da Companhia. Muitos choraram, sorriram e namoraram perto de mim. Sempre em silêncio cumpri minha função. Eu e minhas companheiras mais novas nos orgulhamos do abrigo e alimento que proporcionamos a tantas criaturas que todo dia nos visitam. Somos testemunhas do nascimento de novos seres todos os anos.
Sei que talvez em virtude da falta de cuidados que as pessoas têm me dispensado, ultimamente pedaços meus lançados ao vento têm incomodado meus vizinhos, mas, nasci e cresci tendo espaço para me expandir e lançar minhas sementes e folhas. Não existiam tantas ruas e casas ao meu redor.
Não é justo que agora depois de tantas décadas seja covardemente assassinada e no meu lugar seja colocada uma outra mais nova, mais forte.
Sinto-me como uma mulher idosa traída e trocada por uma moça mais nova.
Sei que minhas flores lançadas ao chão no fim da primavera, minhas folhas secas e meus galhos velhos e quebradiços incomodam alguns de vocês, mas a fumaça de vossos carros, o barulho de vossos aparelhos eletrônicos também me incomoda.
Não sou do tamanho de uma Serra da Piedade mas se não sou patrimônio de Minas Gerais me sinto patrimônio de cada passarinho ou borboleta que durante décadas e décadas ajudei a preservar.
Não permitam que um abaixo assinado feito pelos moradores da rua decida sobre minha vida ou morte pois todos aqueles animais que dependem de mim infelizmente não sabem escrever para se manifestarem contra tal absurdo.
Não permitam que aconteça comigo e minhas companheiras o que aconteceu com as árvores que ornamentavam a calçada lateral da garagem da Saritur.
Se estivermos fracas, nos adubem. Se estivermos com galhos quebradiços, nos podem.
Quantas décadas levarão para que novas árvores consigam atingir o tamanho e a beleza que possuímos.
Sou grata a este moço, muitas vezes duro e rabugento, que montou um trailer na sombra de meus galhos para vender pastéis, pois através dele estou manifestando meu emocionado apelo:
Por favor não me matem somente porque estou velha e provoco muita sujeira!


Uma velha árvore da Rua Pres Kennedy
José Brandão

Quando escrevi esta carta ainda existiam perto de meu trailer em José Brandão algumas árvores sempre repletas de pássaros. Foram covardemente cortadas e somente sobrou a pesonagem desta carta que somente não foi cortada pela existencia ali de meu trailer e pela minha manifestação clara contra esse crime. Ficaram das outras apenas fotos e vídeos que fiz. É um absurdo....

RonaldoCandin disse...

Naõ me estranha nada esta atitude oficial e truculenta diante do meio ambiente. O que se pode esperar de uma administração que privilegía as atividades potencialmente degradadoras (haja visto recente evento da Vale em espaço público, o pátio do ginásio Poliesportivo, para tentar enganar a população com a falácia de sua política ambiental enganosa). Já é conhecida a postura desse grupo que está no poder, o mesmo que controla a ACIAC da maquete montada para defender a destruição da Serra da Piedade, um crime ambiental reconhecido pelas autoridades da lei e penalizado com o fechamento da protegida por eles, a criminosa Brumafer. Hoje apenas demostram o já visto apreço que têm pelo patrimônio natural do município; seu grau de entendimento sobre a importância das arvores no contexto da preservação da vida; sua ignorância diante do aquecimento global e das mudanças climáticas em curso no planeta. Demonstra a mentalidade do atrasamento e só a ignorância do porquê de tantos desastres ambientais vividos nos quatro cantos da Terra justifica tal política para com o meio ambiente. Esse é apenas um caso visível de uma ação lamentável que se vê, pois ocorre numa praça pública o equívoco no trato com o meio ambiente. E nos casos que não se vê por serem resultados de decisões de gabinete e que só sairão a luz com o passar do tempo? Quantos loteamentos clandestinos estarão sendo aprovados sem o conhecimento público? Quantos licenciamentos danonos a saúde pública estarão sendo concedidos por trás das portas e das cortinas dos gabinetes oficiais da Prefeitura em troca de favorecimento pessoal e político? Poís por alguma coisa foi que esta administração modificou o formato do CODEMA - Cons. Mun. de Meio Ambiente, tornando-o um Conselho de cabresto passando-o para seu direto controle. Pois não creio que foi só por pura vingaça por ter aquele Conselho, em seus tempos de independência, jogado um papel tão importante contra a destruição da Serra da Piedade, calcanhar de Aquilles para o financiamento de campanha da atual administração. Não posso acreditar que tenham decido tão baixo. Bom, depois da história do panfleto anônimo, episódio protagonizado pela atual administração na última campanha eleitoral, num claro exemplo de jogo sujo em política, se pode esperar tudo.

Gustavo Pinheiro disse...

Menos uma árvore

Se não bastasse a derrama feita no Poliesportivo de Caeté, com a extração de diversas e antigas árvores para dar lugar a um mirabolante "projeto" paisagístico, a Prefeitura de Caeté continua a dar provas de como ela não se preocupa com o ambiente e com a qualidade de vida do cidadão de Caeté. No dia 9 de junho, uma árvore foi cortada na praça Getúlio Vargas, no bairro José Brandão, sob alegação de que ervas daninhas a matariam de qualquer forma. Os "especialistas" da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, chefiados pelo secretário Fernando Silva, é quem são os responsáveis por crueldades como essa. Chamo de crueldade porque não é preciso cortar a árvore quando aparecem ervas daninhas, basta cuidar de suas copas ao longo do ano. Essa não é uma afirmação minha, mas de uma especialista da Secretaria de Meio Ambiente de Belo Horizonte. Ela afirmou, por telefone, que o cuidado sistemático e as podas nos períodos certos é que garantem a sobrevivência dessas árvores. Belo Horizonte registra, segundo ela, baixo número de supressões por esse problema. Lá, há um plano para cuidado das árvores. Já temos tão poucas em Caeté - e mal cuidadas, diga-se de passagem - e a Prefeitura sai por aí passando o machado!
A Prefeitura de Caeté não tem especialistas para cuidar de assuntos como esse (o que fez se admirar a servidora de Belo Horizonte); o governo não se preocupa em ter em sua equipe pessoas verdadeiramente capacitadas para cumprir funções importantes em prol de Caeté. Ela tem em sua estrutura orgânica pessoas incompetentes, levianas e usurpadoras dos impostos pagos pelos cidadãos de Caeté, que querem apenas um pouco mais de qualidade de vida!

Patrícia Urias disse...

Para refletir: "SERÁ QUE A PRATICIDADE DO PRESENTE COMPENSA AS PERDAS DE UM FUTURO PRÓXIMO?"

Anônimo disse...

Vc é o cara mais crítico que já conheci, a Prefeitura tem especialista na área de meio ambiente , mas eu tenho em outra área e vc? Jornalista por vontade,e pé duro por natureza. Estuda primeiro,o seu telhado é de vidro.

Seu trabalho qualquer um faz...