Na madrugada deste Natal uma forte chuva que durou até parte da manhã trouxe problemas sérios, com a enchente inundando e destruindo diversos locais da cidade, felizmente sem vítimas, mas com muitos danos. Esse fato se repete com o passar dos anos e para se analisar melhor o fenômeno precisamos de uma visão mais abrangente, que muitas vezes falta aos governantes que chegam simplesmente a colocar a culpa na Natureza. A urbanização desordenada, característica da maior parte das cidades do Brasil, é uma realidade de Caeté, onde ruas e casas tomaram as margens de inundação das várzeas dos córregos, não respeitando as suas condições naturais. Outra coisa, foi a canalização de alguns córregos, como parte do Caeté, onde a retificação de seu curso para a construção da Av. João Pinheiro criou soluções absurdas como uma curva de 90 graus próximo à CPRM, trecho que sempre causa problemas com as águas invadindo as casas. Fora o lixo acumulado e as deficiências de drenagem da cidade já comentadas neste blog é preciso ver as condições gerais da bacia do Córrego Caeté, onde se percebe claramente o nível de degradação que se encontra. Na região do Rancho Novo, onde o Córrego Caeté nasce, já na sua nascente encontramos problemas: a montante encontra-se uma mineração de ouro, que primeiro com a Vale e depois com a MSol, causou assoreamento desta área, inclusive de uma antiga barragem que encontra-se comprometida. Também é uma área de plantio de eucaliptos da Saint-Gobain que já foi autuada há tempos atrás por explorar dentro da área de preservação permanente. Essas áreas de preservação permanentes, representadas pela vegetação natural às margens dos cursos d’água, em torno de nascentes e nos topos de morros praticamente inexistem no trecho que vai do Rancho Novo até a cidade, substituídas por pastagens que ocuparam os lugares da mata, que permite a infiltração da água das chuvas e não deixa que os sedimentos sejam carreados a grande velocidade para os vales onde correm os córregos da bacia. O problema é mais complexo do que se apresenta a primeira vista e as mudanças climáticas globais, onde comprovadamente o homem é o principal responsável, também podem estar contribuindo para agravar este quadro com tempestades mais fortes como as de granizo que varreram o Estado. Esses fatos devem nos levar a fazer uma reflexão sobre como o modo de vida que adotamos, com base na exploração desmedida da Natureza, é a principal causa do desequilíbrio ecológico que às vezes bate à nossa porta trazendo destruição e morte.
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