quarta-feira, 30 de julho de 2008

Fragmentos de comunicado interno de março de 2003


A defesa da Serra da Piedade, ao contrario do que muitos pensam não teve início naquela audiência pública de agosto de 2001. Além do tombamento nacional que contempla o cume da Serra por iniciativa do Santuário em 1956 que a protege de forma insuficiente a audiência de agosto de 2001 em Caeté foi de fato um desdobramento público da luta. Os instrumentos democráticos que sustentaram a fase iniciada em 2001 começaram a ser pensados e estruturados em 1997 no cume da Serra do Garimpo por um grupo de pessoas que hoje se denomina MACACA. Ali se abriu a discussão de quais os caminhos deveriam ser trilhados para se chegar à abordagem adequada da proteção do enorme patrimônio ambiental de Caeté, entre eles e principal a Serra da Piedade degradada diariamente pela atividade minerária. Decidiu-se para começar com um movimento pela implantação do CODEMA-Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental de Caeté e a participação de Marina Alves e Wanderlei Pinheiro, José Leal foi fundamental. Nele cavaríamos uma vaga para o Conselho do Patrimônio do qual eu era Presidente Interino que na ocasião elaborava seu Regimento Interno. Em 1998 tomamos posse no CODEMA depois de ferrenho embate por uma formação mais democrática, isto é, paritário e com direito a eleger o presidente entre seus membros. Vencemos e conseguimos ainda uma vaga para uma entidade criada em defesa da qualidade de vida, o MACACA. Fazia-se necessário tal hegemonia como estratégia para que o movimento ambiental embrionário não fosse sufocado por interesses contrários à defesa ambiental a que nos propúnhamos.

Ronaldo Candin - membro fundador.

Um comentário:

Alice Okawara disse...

Esse realmente foi um momento muito significativo para o movimento ambiental de Caeté. É lamentável como um CODEMA tão atuante, considerado modelo no estado de Minas Gerais, foi "detonado" pelo poder público do município recentemente, tornando-o completamente engessado e deixando a sociedade civil à margem. Como, de um conselho de meio ambiente, podem ter sido deixados de fora órgãos como a Policia Ambiental, o IEF e a EMATER? Que eram o suporte técnico do conselho...Para nós que estivemos participando desde o início é muito triste assistir essa degradação humana, pois não é só o meio ambiente que está recebendo os presentes do "novo" CODEMA, é a população. Empreendimentos de qualquer porte estão sendo licenciados à rodo, em nenhum critério, em prol de um desenvolvimento sustentável insustentável. Mas essa é só uma batalha perdida, não perdemos a fé e nem deixaremos jamais de empreender ações pela preservação de nossas serras e águas, mesmo conscientes que esse trabalho de formiguinhas é uma luta contra gigantes e que nossas armas têm outra origem, não são de minério de ferro, são etéreas, divinas, oriundas do elo e respeito que temos com a natureza.
Alice Okawara