terça-feira, 24 de novembro de 2009

Praça da tristeza



O MACACA e a população já protestaram por diversas vezes, mas esse governo, que mata de inveja qualquer grande devastador da Amazônia ou do Cerrado, destrói mais um espaço de convivência e encontro, derruba todas as árvores (esta é a administração que mais cortou árvores em toda história de Caeté) e transforma uma praça, que poderia ser da alegria, em praça da tristeza.

Uns dizem que a praça dará lugar a mais uma rotatória para melhorar o fluxo dos veículos e evitar acidentes. Tudo bem, mas essa era a melhor solução? A proposta foi discutida com os moradores do lugar? Mas o diálogo não é prática deste governo que se coloca acima de tudo e de todos e se porta à maneira dos tratores que transformaram a tranquila praça Yves Mathieu (será que agora o nome será rotatória Yves Mathieu?) em terra arrasada.

Mas o que se percebe é que querem criar uma nova cidade não respeitando a cidade tradicional, deixar livres as avenidas para o fluxo de carros que devem se deslocar rápido, para os caminhões com grandes cargas para as mineradoras, dar uma cara de cidade moderna aos espaços mais visíveis para funcionar como uma vitrine a céu aberto.

O pensamento arcaico dos nossos governantes, que se colocam como arautos do novo e do progresso, fechados ao diálogo e avessos à crítica, trazem grandes prejuízos à coletividade, que se ressente da perda cotidiana da querida e velha Caeté.

Até quando suportaremos esses desmandos...

sábado, 21 de novembro de 2009

Mina Ouro em 2001. Último empreendimento da Vale em Caeté depois de oito anos de abandono.




É uma pena que haja ainda em Caeté quem preconize desenvolvimento econômico sustentável para a cidade retomando os passos do passado. Não há nada mais indicativo de atraso que, como alternativa para o presente, apontar para trás, para o próprio passado. Justamente num momento da história de Caeté em que a cidade cresce por si mesma com a construção civil e com o surgimento de pequenas empresas, se preparando para um futuro não muito distante, deixando para trás um período em que dependia de decisões externas, de uma ou duas fontes de emprego e era refém dos desígnios de tais empresas tendo a elas atado o seu destino.
Empresas essas que uma vez terminado em Caeté seus interesses jogam toda uma população no abismo que se cavou com essa dependência. Antes era a FB; agora os nomes são outros (MSOL, Vale) que, aonde chegam prometem tudo e quando se vão não se importam com as crateras ambientais e os abismos sociais e econômicos que deixam. O primeiro que reduzem para diminuir custos é o quadro de funcionários. Estes empreendimentos estão franqueados e defendidos por aqueles que formam uma elite e que são os que realmente se beneficiam diretamente deles, por isso constroem todo esse discurso. Um exemplo é o atual Prefeito e o grupo forte de sua administração, todos vindos da ACIAC e que tiveram sua campanha eleitoral, em grande parte, patrocinada por mineradoras. Não é a toa que sua entidade base, a ACIAC, é a que mais publica loas as mineradoras. E o resultado disso está a mostra na administração desastrosa de Ademir de Carvalho, cavalo de tróia das mineradoras que demonstra mais claramente, ao vivo direto e “in loco” a diferença entre o discurso e a prática desse setor. Em seu último artigo no Jornal Acontece da semana anterior, sobre Desenvolvimento com Sustentabilidade eles mesmos apontam o resultado desse modelo que estão a propor, que Caeté é hoje uma das cidades que tem a renda per capita das mais baixas de Minas Gerais. É muita cara de pau citar sustentabilidade numa proposta de desenvolvimento que sempre manteve Caeté numa corda bamba entre um pequeno surto de exploração dos recursos naturais e de mão de obra barata (porquê a mão de obra qualificada eles não aproveitam daqui, trazem de fora), alternado com longos períodos de desemprego e crise. “... já fomos a oitava economia do estado”; se esse modelo fosse realmente sustentável ainda seríamos. Nada aflora de “fora para dentro”, a não ser uma cidade que acredita nesse conto.
Privilegiada por sua posição geográfica e suas belezas naturais, Caeté tem outras possibilidades e uma delas virá com a duplicação da 381 e a construção do rodo-anel. Estará ás portas de Contagem e Betim, um dos maiores parques industrias da região Sudeste; sem mencionar que, melhor que outras cidades da Grande BH estará também bem mais perto da Cidade Administrativa, atualmente em construção em Confins e que é vista por toda a região como fonte de oportunidades pelo volume de recursos que colocará em circulação devido ao alto poder aquisitivo de sua população. Não é preciso dizer aqui porquê, nesse panorama, a manutenção da qualidade de vida, de seu patrimônio natural, cultural e histórico é importante (o é também em qualquer outro, mas sobretudo neste).
Essa é a Caeté que queremos para o futuro.
Muito diferente é verdade, da que preconizam os que não se incomodam de, a cada geração que tem emprego enquanto duram os recursos naturais disponíveis, haja uma outra que, ou vive dependente da aposentadoria dos pais, ou imigra por que se esgotaram tais recursos naturais e outro ciclo de exploração mineral; fatos estes, tão comuns no passado de Caeté que agora querem ressuscitar.

Ronaldo Candin


- Co-fundador do MACACA e do SOS Serra da Piedade,
ex - Presidente do CODEMA de Caeté.
Ps. A "recuperação" da mina exposta nas fotos acima unicamente se deu depois da atuação do independente CODEMA de então que se impôs, só aceitando analizar qualquer projeto para Caeté depois da "recuperação".