Representantes sociais e sindicais do Canadá, Chile, Argentina, Guatemala, Peru e Moçambique realizam entre os dias 12 a 15 de abril, no Rio de Janeiro, o 1º Encontro de Populações, Comunidades, Trabalhadores e Trabalhadoras afetados pela política agressiva e predatória da companhia Vale - antiga Vale do Rio Doce.
A mineração é uma atividade extrativa que fomenta diversos impactos ambientais e sociais nas comunidades onde os projetos são instalados. Várias modalidades de assédio, saúde, violação de direitos, demissões arbitrárias e danos ao meio ambiente estão entre os pontos de pauta da reunião. A seguir, leia a íntegra da convocatória para o encontro e entenda os motivos que levaram comunidades de diferentes regiões do globo a se unirem contra a companhia.
A convocatória foi publicada pelo sítio do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), 22-02-2010.
Eis a convocatória.
Encontro Mundial dos afetados pela Vale
Nós, organizações e movimentos sociais e sindicais do Brasil, convocamos e convidamos organizações sociais e sindicais do Canadá, Chile, Argentina, Guatemala, Peru e Moçambique para o I Encontro de Populações, Comunidades, Trabalhadores e Trabalhadoras afetados pela política agressiva e predatória da companhia Vale do Rio Doce, em abril de 2010 no Rio de Janeiro.
A Vale, dona que quase todo o minério de ferro do solo brasileiro, é hoje uma empresa transnacional, que opera nos cinco continentes, 14a companhia do mundo em valor de mercado, explorando os bens naturais, as águas e solo, precarizando a força de trabalho dos povos em todo o mundo.
Ela foi uma empresa estatal até 1997, quando foi privatizada de maneira fraudulenta pelo governo Fernando Henrique Cardoso a um valor sub-avaliado de R$ 3,4 bilhões de dólares. Desde então gerou lucro de 49 bilhões de dólares, e distribuiu a seus acionistas 13 bilhões de dólares, êxitos que obtém às custas da exploração dos bens naturais, das águas e solo e pela precarização da força de trabalho dos povos nos países que explora.
A propaganda da Vale nos lembra todos os dias que ela é brasileira e que trabalha com paixão para promover o desenvolvimento sustentável do Brasil e para garantir um futuro para nossas crianças. Utiliza em suas propagandas a imagem de brasileiros ilustres e artistas famosos. Em 2008, a Vale gastou R$ 178,8 milhões em propaganda (Ibope Monitor).
As bonitas imagens omitem a face oculta da empresa, construindo no imaginário do brasileiro comum a imagem de uma Vale patriota e paternal. Não é isso, contudo, o que pensam as pessoas que vivem nos territórios explorados pela Vale, seja no Brasil ou nos outros países em que a companhia está presente. Os trabalhadores e as comunidades afetadas, no entanto, não têm o poder e o dinheiro da Vale para ocupar a mídia brasileira e mundial com as suas opiniões e relatos sobre a influência da empresa sobre suas vidas
A exploração de minério e outras atividades da cadeia de siderurgia têm causado sérios impactos sobre o meio ambiente e a vida das pessoas. A poluição das águas com produtos químicos, a intervenção direta na destruição de aqüíferos, a produção de enormes volumes de resíduos em suas atividades de mineração (657 milhões de toneladas por ano), a emissão de dióxido de carbono na atmosfera, o desvio de rios que antes atendiam comunidades inteiras para uso da companhia, o desmatamento de florestas e matas, a destruição de monumentos naturais tombados, a mineração em áreas de mananciais de abastecimento público, o impacto sobre as populações indígenas e tradicionais, a poeira de minério levantada em suas atividades, a desapropriação forçada de comunidades, rebaixamento do lençol freático, a associação da empresa com projetos industriais e energéticos que têm interferido na destruição da Amazônia e do Cerrado brasileiros, a eliminação de trechos ferroviários seculares em Minas Gerais , os acidentes nas minas e envolvendo trens da empresa, cuja vítima ou família não tem nenhuma assistência por parte da companhia tudo isso, ainda que não sejam mencionadas nas propagandas, são as marcas mais fortes da Vale nos territórios em que ela atua. A extração nociva de bens naturais, destruição dos patrimônios culturais, e os danos causados ao meio ambiente são, em alguns casos, irreparáveis, e produzem danos permanentes à vida.
A despeito dos visíveis danos, suas atividades continuam respaldadas com investimentos e parcerias lucrativos. No Rio de Janeiro, por exemplo, com a associação da Vale com a Thyssen Krupp, através da TKCSA, está previsto um aumento de 12 vezes na emissão do poluente CO2 na cidade do Rio (O Globo, 5/11/09). Além disso, a Vale é uma das principais empresas consumidoras de energia, mas quase não paga por ela: a empresa paga menos de R$ 5,00 por 100kwh, enquanto a população em geral, assim como pequenos e médios comerciantes e indústrias, pagam mais de R$ 45,00kwh no Brasil.
Seus trabalhadores sofrem com demissões sem justificativa, com ausência de medidas de segurança do trabalho e com pressões de diversas naturezas que, muitas vezes, levam-nos ao suicídio. Dois em 100 trabalhadores foram afastados por acidentes em 2008, 9 morreram. A cidade de Itabira (MG), onde nasceu a Vale, tem o maior índice de suicídios do Brasil. É também muito alta a terceirização do trabalho, que desresponsabiliza a companhia e precariza as relações de emprego (146 mil empregos, 83 mil são indiretos).
A Vale tem usado a crise econômica mundial para pressionar os/as trabalhadores em todo o mundo, reduzir salários, aumentar a jornada de trabalho, demitir, e rebaixar direitos conquistados com anos de luta. A greve iniciada pelos trabalhadores e trabalhadoras canadenses desde junho de 2009 é um exemplo importante de luta e resistência contra a arrogância e a intransigência da empresa, e, ao mesmo tempo, de construção da nossa unidade internacional. A greve dos trabalhadores e trabalhadoras no Canadá conta com todo o nosso apoio e solidariedade ativa para garantir sua vitória!
A Vale usa as mesmas táticas com as populações em todo o mundo. Ela pressiona, ameaça, coopta agentes públicos e locais, chegando até a fazer uso de milícias e forças militares para garantir seus investimentos. Em muitos lugares, a empresa financia campanhas eleitorais, zoneamentos ecológicos e planos diretores de municípios, numa completa inversão do princípio da gestão política e governamental soberana dos interesses públicos pela sociedade.
Os cidadãos e cidadãs comuns também são atingidos, uma vez os recursos públicos gerados pelos seus impostos são repassados para a Vale pelo BNDES e outras agências estatais. Enquanto os impostos são altíssimos para a população comum, e também pequenas e medias empresas, grande corporações como a Vale recebem anos de isenção fiscal. Os serviços públicos para onde deveriam ser direcionados os impostos, como hospitais e escolas, continuam em péssimas condições. Assim, sua atuação aprofunda a dívida financeira, ecológica e social com as populações afetadas. Cada centavo de dinheiro público que é destinado à Vale poderia ser investido na criação de fontes de trabalho que não prejudicassem a vida no planeta.
É com o objetivo de mudar este quadro que estamos organizando o encontro internacional dos afetados pela Vale. Nós iremos demonstrar com fatos concretos e estudos de caso o que realmente vem acontecendo à população que vive no entorno dos empreendimentos, e aos trabalhadores da Vale. Nosso objetivo é dar voz àquelas pessoas que sofrem diariamente com a atuação da mineradora, sejam comunidades próximas, desapropriadas ou áreas em que a empresa busca se instalar, sejam os trabalhadores e trabalhadoras da empresa.
Além de expor o comportamento agressivo da Vale, nós também iremos trabalhar instrumentos e estratégias comuns para contestar seu poder absoluto e fortalecer os trabalhadores e comunidades atingidas. Estes instrumentos podem incluir acordos coletivos dos trabalhadores da Vale com demandas em comum, monitoramento independente do impacto ambiental, monitoramento independente dos contratos governamentais sobre impostos, royalties, entre outros.
A articulação dos povos e movimentos nos diferentes países em que há exploração da mineradora é fundamental para fortalecer nossas lutas locais, nacionais e internacionais. Precisamos nos unir para construirmos juntos nossas estratégias, e pressionarmos nossos governos para que nossos direitos de vida, trabalho, terra, moradia, saúde, e de um ambiente justo e saudável sejam garantidos. E para que a Vale cumpra mundialmente com padrões ambientais, tecnológicos e trabalhistas elevados, e que respeite e não tente retroceder as legislações vigentes. Não vamos deixar que a Vale rebaixe nossos direitos conquistados e destrua nossas vidas!
Os bens naturais e dos solos de cada país são patrimônio soberano dos povos, não dos acionistas nacionais e internacionais da Vale!
O leilão de privatização da Vale foi ilegal. Nós exigimos a anulação deste leilão, como disseram cerca de 4 milhões de brasileiros no Plebiscito Popular sobre a privatização da Vale e a dívida pública realizado em 2007. Nós defendemos a devolução ao povo brasileiro dos direitos minerários não contabilizados na operação de venda, sua re-estatização e o seu controle pelos trabalhadores!
Assim, convocamos as comunidades que atualmente sofrem com os grandes empreendimentos mineradores, a sociedade civil, os trabalhadores e trabalhadoras da Vale, movimentos e organizações sociais, pastorais sociais, estudantes e professores para participar da construção desse encontro, na expectativa de uma sociedade mais justa e ambientalmente equilibrada.
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=30067
Blog dedicado a ser fórum interno e externo de participação nesta Ong de Caeté - MG - Brasil. email: omacaca@yahoo.com.br
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
"breve, uma nova praça"
Com a "poda" (ou mutilação) a rotatória "ganha vida"...
Uma placa no centro do local que foi a bela praça Yves Mathieu, diz algo mais ou menos assim: "breve, uma nova praça". Mas onde está a nova praça? O que se vê no local é somente mais uma estéril rotatória que a mesma placa explica que melhorará o trânsito local. Não duvidamos disso mas onde está a nossa praça prometida? Uma rotatória só serve para os carros, vivemos em cidades pensadas para os veículos automotores, principalmente carros, isto é, para tudo que utilize o precioso petróleo, causa de tantas guerras e enriqueça ainda mais as montadoras de veículos em detrimento de soluções de transporte coletivo. Mas o direito à cidade é de quem, das pessoas ou dos carros, que entopem nossas ruas, poluem o ar, contribuem para o aquecimento global e aqui, em nossa Caeté, tomam os passeios que são dos pedestres, com a omissão da prefeitura e com a cara-de-pau de comerciantes que se apropriam do espaço público? Isto é algo que precisa ser discutido com mais profundidade, mas voltemos à rotatória e à prometida praça. É certo que o povo de Caeté perdeu mais um espaço de encontro e mais uma área verde, que aliás vão rareando cada vez mais, parte pela expansão imobiliária, parte pelo descaso da população e principalmente pela ausência de uma política ambiental e de planejamento urbano por parte do executivo. Por exemplo, na época da destruição da praça o site da prefeitura (www.caete.mg.gov.br/mat_vis.aspx?cd=6543) dizia: "A praça receberá uma rotatória, que vai ganhar vida junto ao recapeamento da Avenida João Pinheiro (...) Serão replantadas, ainda no local, árvores adequadas para via (...)". Parece que esse projeto já começou, vejam a poda (ou será mutilação) promovida pela prefeitura que as árvores da orla da João Pinheiro, bem perto da nova rotatória, estão sofrendo, prática reiteradamente criticada pelo MACACA, mas que se tornou rotineira (merecem o troféu motoserra-de-ouro). Será incompetência ou simplesmente falta de sensibilidade para com seres tão importantes para a vida e o bem estar das pessoas desta cidade.
Praça, s.f. Lugar público aberto, e sem edificações, cercado de casas e outras construções: Perto da minha casa há uma praça com jardins, bancos e brinquedos para crianças (Aurélio, 1989).
Praça, s.f. Uma praça é um espaço quadrado ou redondo numa cidade ou num bairro onde tem árvores, plantas, bancos de madeira, brinquedos, para as pessoas descansarem e as crianças brincarem (Aulete, 2005).
Conforme os dicionários, praça não é rotatória, portanto, a prefeitura nos deve uma praça e muitas áreas de lazer e convivência (além das muitas árvores que foram cortadas e mutiladas).
Uma placa no centro do local que foi a bela praça Yves Mathieu, diz algo mais ou menos assim: "breve, uma nova praça". Mas onde está a nova praça? O que se vê no local é somente mais uma estéril rotatória que a mesma placa explica que melhorará o trânsito local. Não duvidamos disso mas onde está a nossa praça prometida? Uma rotatória só serve para os carros, vivemos em cidades pensadas para os veículos automotores, principalmente carros, isto é, para tudo que utilize o precioso petróleo, causa de tantas guerras e enriqueça ainda mais as montadoras de veículos em detrimento de soluções de transporte coletivo. Mas o direito à cidade é de quem, das pessoas ou dos carros, que entopem nossas ruas, poluem o ar, contribuem para o aquecimento global e aqui, em nossa Caeté, tomam os passeios que são dos pedestres, com a omissão da prefeitura e com a cara-de-pau de comerciantes que se apropriam do espaço público? Isto é algo que precisa ser discutido com mais profundidade, mas voltemos à rotatória e à prometida praça. É certo que o povo de Caeté perdeu mais um espaço de encontro e mais uma área verde, que aliás vão rareando cada vez mais, parte pela expansão imobiliária, parte pelo descaso da população e principalmente pela ausência de uma política ambiental e de planejamento urbano por parte do executivo. Por exemplo, na época da destruição da praça o site da prefeitura (www.caete.mg.gov.br/mat_vis.aspx?cd=6543) dizia: "A praça receberá uma rotatória, que vai ganhar vida junto ao recapeamento da Avenida João Pinheiro (...) Serão replantadas, ainda no local, árvores adequadas para via (...)". Parece que esse projeto já começou, vejam a poda (ou será mutilação) promovida pela prefeitura que as árvores da orla da João Pinheiro, bem perto da nova rotatória, estão sofrendo, prática reiteradamente criticada pelo MACACA, mas que se tornou rotineira (merecem o troféu motoserra-de-ouro). Será incompetência ou simplesmente falta de sensibilidade para com seres tão importantes para a vida e o bem estar das pessoas desta cidade.
Praça, s.f. Lugar público aberto, e sem edificações, cercado de casas e outras construções: Perto da minha casa há uma praça com jardins, bancos e brinquedos para crianças (Aurélio, 1989).
Praça, s.f. Uma praça é um espaço quadrado ou redondo numa cidade ou num bairro onde tem árvores, plantas, bancos de madeira, brinquedos, para as pessoas descansarem e as crianças brincarem (Aulete, 2005).
Conforme os dicionários, praça não é rotatória, portanto, a prefeitura nos deve uma praça e muitas áreas de lazer e convivência (além das muitas árvores que foram cortadas e mutiladas).
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Haha, huhu, o CARNACATU é nosso! Haha, huhu...
Entrevista ao Macaca no II CARNACATU 14/02/2010
Entrevistado: José Carlos Souza – morador de Caeté presente do II Carnacatu:
_ José Carlos, o que você achou do IIº Carnacatu, o desfile de blocos realizado pelo MACACA juntamente com a Associação dos Artesãos e Artistas de Caeté?
_ É a primeira vez que venho participar aqui em Caeté e é uma satisfação ter esse tipo de atividade aqui em Caeté uma vez que antes, para participar tínhamos que ir para José Brandão e para nós é importante ter isso aqui em Caeté, que continue e se for preciso podemos estar contribuindo.
_ Você acredita que o Carnacatu é uma atitude de resistência do Carnaval tradicional, uma iniciativa de recuperar da tradição do carnaval de rua e das marchinhas?
_ Sem dúvida! Vemos a necessidade de resgatar isso, uma vez que não temos mais um carnaval brilhante, onde as pessoas possam se divertir, sem violência; realmente trazer as crianças, famílias participando e é importante agente tenha esse compromisso com o carnaval de verdade e as Ongs que estão organizando estão de parabéns pela iniciativa.
_ Obrigado pelos parabéns. A nossa grande preocupação é atrair a juventude e a criançada para esse tipo de atividade para que isso se perpetue. Você tem visto como uma boa pedida para juventude, existe já um reflexo positivo nesse segmento da nossa sociedade?
_ Com certeza? Não só para os jovens, estou vendo aqui muitas crianças participando com entusiasmo; é uma satisfação ver que existe essa preocupação em atrair nossos jovens para aquilo que é saudável, para vida e a dignidade.
_ José Carlos, muito obrigado e esperamos ver você aqui com a gente na terça feira.
_ Com certeza estarei para prestigiá-los e para os carnavais futuros quem sabe, poder, trazer também minha contribuição para melhorar cada vez e resgatar nossa juventude para uma vida saudável.
_ Como poderia se dar a mencionada contribuição?
_ Agente lá do SindiEletro, trabalha com atividades culturais, com o resgate da juventude através de oficinas de tambores; me daria satisfação realizar também aqui em Caeté onde já tem uma tradição, colocar os meninos para construir e tocar os seus próprios tambores; quiçá em novembro, no Dia da Consciência Negra colocarmos esse bloco na rua.
_ Bacana! Fica aí a proposta do José Carlos, do SindiEletro, que inclusive, me recordo agora já contribuiu com a entidade em outra atividade no ano de 2001(paralisação da BR-381 para chamar a atenção contra a mineração na Serra da Piedade).
Muito Obrigado pela entrevista, nos vemos na Terça de Carnaval do Carnacatu.
_ Eu que agradeço, parabéns pela iniciativa!
sábado, 13 de fevereiro de 2010
CARNACATU
Estampa da camisa (bonita demais...)
Nesses próximos dias temos um encontro com o verdadeiro espírito da maior festa popular do mundo: o carnaval. E de uma forma muito especial pois o MACACA, juntamente com a Associação dos Artistas e Artesãos de Caeté estará na organização do 2º Carnacatu, uma idéia que deu certo, onde o grupo folclórico do Maracatu, com os bonecos gigantes Geni, Zepelin, o Boi-da-Manta e outros personagens, animados pelos talentosos músicos das bandas de música da cidade e feras da percussão (em uma reedição da inesquecível Banda do Porco de antigos carnavais) animarão a tarde de domingo e terça a partir das 16:00 horas na Praça João Pinheiro ao som de maravilhosas marchinhas. Antes da saída do bloco que percorrerá as ruas históricas do centro da cidade, acontecerá uma oficina de máscaras onde as crianças terão um lugar especial.
A ordem é brincar e se divertir sem violência.
Compre sua camisa na Associação dos Artesãos na Praça João Pinheiro ou com o Ademir pelo telefone 3651-3689 e saia por aí esbanjando alegria.
No Carnacatu só não vai quem já morreu...
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Se não vos converterdes, todos perecereis
Leonardo Boff *
Disse Jesus nos evangelhos: "Se não vos converterdes, todos vós perecereis". Quis dizer: "Se não mudardes de modo de ver e de agir, todos vós perecereis". Nunca estas palavras me pareceram tão verdadeiras como quando assisti a Crônica de Copenhague, um documentário da TV francesa e passada num canal fechado no Brasil e, suponho, no mundo inteiro. Na COP-15 em Copenhague em dezembro último, se reuniram os representantes das 192 nações para decidir a redução das taxas de gases de efeito estufa, produtores do aquecimento global.
Todos foram para lá com a vontade de fazer alguma coisa. Mas as negociações depois de uma semana de debates acirradíssimos chegaram a um ponto morto e nada se decidiu. Quais as causas deste impasse que provocou decepção e raiva no mundo inteiro?
Creio que, antes de mais nada, não havia suficiente consciência coletiva das ameaças que pesam sobre o sistema-Terra e sobre o destino da vida. É como se os negociadores fossem informados de que um tal de Titanic estaria afundando sem se dar conta de que se tratava do navio sobre o qual estavam, a Terra.
Em segundo lugar, o foco não estava claro: impedir que o termômetro da Terra suba para mais de dois graus Celsius, porque então conheceremos a tribulação da desolação climática. Para evitar tal tragédia, urge reduzir a emissão de gases de efeito estufa com estratégias de adaptação, mitigação, concessão de tecnologias aos países mais vulneráveis e financiamentos vultosos para alavancar tais medidas. A preocupação agora não é garantir a continuidade do status quo, mas dar centralidade ao sistema Terra, à vida em geral e à vida humana em particular.
Em terceiro lugar, faltou a visão coletiva. Muitos negociadores disseram claramente: estamos aqui para representar os interesses de nosso país. Errado. O que está em jogo são os interesses coletivos e planetários, e não de cada país. Isso de defender os interesses do país é próprio dos negociadores da Organização Mundial do Comércio (OIT), que se regem pela concorrência e não pela cooperação. Predominando a mentalidade de negócios funciona a seguinte lógica, denunciada por muitos bem intencionados, em Copenhague: não há confiança, pois todos desconfiam de todos; todos jogam na defensiva; não colocam as cartas sobre a mesa por temerem a crítica e a rejeição; todos se reservam o direito de decidir só no último momento como num jogo de pôquer. Os grandes jogadores se omitiram: a China observava, os EUA calavam, a União Européia ficou isolada e os africanos, as grandes vítimas, sequer foram tomados em consideração. O Brasil no fim mostrou coragem com as palavras denunciatórias do Presidente Lula.
Por último, o fracasso de Copenhague -bem o disse Lord Stern lá presente- se deveu à falta de vontade de vivermos juntos e de pensarmos coletivamente. Ora, tais coisas são heresias para espírito capitalista afundado em seu individualismo. Este não está nada interessado em viver juntos, pois a sociedade para ele não passa de um conjunto de indivíduos, disputando furiosamente a maior fatia do bolo chamado Terra.
Jesus tinha razão: se não nos convertermos, vale dizer, se não mudarmos este tipo de pensamento e de prática, na linha da cooperação universal jamais chegaremos a um consenso salvador. E assim iremos ao encontro dos dois graus Celsius de aquecimento com as suas dramáticas consequências.
A valente negociadora francesa Laurence Tubiana no balanço final disse resignadamente: "os peixes grandes sempre comem os menores e os cínicos sempre ganham a partida, pois essa é a lógica da história". Esse derrotismo não podemos aceitar. O ser humano é resiliente, isto é, pode aprender de seus erros e, na urgência, pode mudar. Fico com o paciente chefe dos negociadores Michael Cutajar que no final de um fracasso disse: "amanhã faremos melhor".
Desta vez a única alternativa salvadora é pensarmos juntos, agirmos juntos, sonharmos juntos e cultivarmos a esperança juntos, confiando que a solidariedade ainda será o que foi no passado: a força secreta de nossa melhor humanidade.
Leonardo Boff é autor de Convivência, Tolerância e Respeito, Editora Vozes (2007).
* Teólogo, filósofo e escritor
Disse Jesus nos evangelhos: "Se não vos converterdes, todos vós perecereis". Quis dizer: "Se não mudardes de modo de ver e de agir, todos vós perecereis". Nunca estas palavras me pareceram tão verdadeiras como quando assisti a Crônica de Copenhague, um documentário da TV francesa e passada num canal fechado no Brasil e, suponho, no mundo inteiro. Na COP-15 em Copenhague em dezembro último, se reuniram os representantes das 192 nações para decidir a redução das taxas de gases de efeito estufa, produtores do aquecimento global.
Todos foram para lá com a vontade de fazer alguma coisa. Mas as negociações depois de uma semana de debates acirradíssimos chegaram a um ponto morto e nada se decidiu. Quais as causas deste impasse que provocou decepção e raiva no mundo inteiro?
Creio que, antes de mais nada, não havia suficiente consciência coletiva das ameaças que pesam sobre o sistema-Terra e sobre o destino da vida. É como se os negociadores fossem informados de que um tal de Titanic estaria afundando sem se dar conta de que se tratava do navio sobre o qual estavam, a Terra.
Em segundo lugar, o foco não estava claro: impedir que o termômetro da Terra suba para mais de dois graus Celsius, porque então conheceremos a tribulação da desolação climática. Para evitar tal tragédia, urge reduzir a emissão de gases de efeito estufa com estratégias de adaptação, mitigação, concessão de tecnologias aos países mais vulneráveis e financiamentos vultosos para alavancar tais medidas. A preocupação agora não é garantir a continuidade do status quo, mas dar centralidade ao sistema Terra, à vida em geral e à vida humana em particular.
Em terceiro lugar, faltou a visão coletiva. Muitos negociadores disseram claramente: estamos aqui para representar os interesses de nosso país. Errado. O que está em jogo são os interesses coletivos e planetários, e não de cada país. Isso de defender os interesses do país é próprio dos negociadores da Organização Mundial do Comércio (OIT), que se regem pela concorrência e não pela cooperação. Predominando a mentalidade de negócios funciona a seguinte lógica, denunciada por muitos bem intencionados, em Copenhague: não há confiança, pois todos desconfiam de todos; todos jogam na defensiva; não colocam as cartas sobre a mesa por temerem a crítica e a rejeição; todos se reservam o direito de decidir só no último momento como num jogo de pôquer. Os grandes jogadores se omitiram: a China observava, os EUA calavam, a União Européia ficou isolada e os africanos, as grandes vítimas, sequer foram tomados em consideração. O Brasil no fim mostrou coragem com as palavras denunciatórias do Presidente Lula.
Por último, o fracasso de Copenhague -bem o disse Lord Stern lá presente- se deveu à falta de vontade de vivermos juntos e de pensarmos coletivamente. Ora, tais coisas são heresias para espírito capitalista afundado em seu individualismo. Este não está nada interessado em viver juntos, pois a sociedade para ele não passa de um conjunto de indivíduos, disputando furiosamente a maior fatia do bolo chamado Terra.
Jesus tinha razão: se não nos convertermos, vale dizer, se não mudarmos este tipo de pensamento e de prática, na linha da cooperação universal jamais chegaremos a um consenso salvador. E assim iremos ao encontro dos dois graus Celsius de aquecimento com as suas dramáticas consequências.
A valente negociadora francesa Laurence Tubiana no balanço final disse resignadamente: "os peixes grandes sempre comem os menores e os cínicos sempre ganham a partida, pois essa é a lógica da história". Esse derrotismo não podemos aceitar. O ser humano é resiliente, isto é, pode aprender de seus erros e, na urgência, pode mudar. Fico com o paciente chefe dos negociadores Michael Cutajar que no final de um fracasso disse: "amanhã faremos melhor".
Desta vez a única alternativa salvadora é pensarmos juntos, agirmos juntos, sonharmos juntos e cultivarmos a esperança juntos, confiando que a solidariedade ainda será o que foi no passado: a força secreta de nossa melhor humanidade.
Leonardo Boff é autor de Convivência, Tolerância e Respeito, Editora Vozes (2007).
* Teólogo, filósofo e escritor
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Sá sá saricando...! Olha o Carnacatu aí gente!
Programação: teremos no próximo sábado mais um grito de carnaval na Pracinha Joaquim Franco no Centro com início as l8: 00 h.
Os desfiles acontecerão domingo dia l4 com concentração na Praça João Pinheiro, percorrendo as principais ruas do centro. Confirmados três blocos que são: Geni, Zepelin e o Boi-da-manta com os demais bonecos, Bloco das Gatinhas e Bloco dos Mascarados acompanhados pela Banda do Porco. Este desfile será repetido na Terça-feira com a mesma programação.
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