domingo, 20 de novembro de 2011

Abraço ao Gandarela


O abraço ao Gandarela, último evento da Semana Ganadarela, aconteceu neste domingo, no primeiro momento em Rio Acima, com apresentações artísticas e mobilização em torno do Parque nacional do Gandarela. A seguir os participantes rumaram para o alto da Serra e mesmo a forte neblina não tirou o ânimo das pessoas, que reunidas em círculo, vivenciaram diversos momentos de reflexão, integração e unidade com todos os seres em prol da preservação daquele lugar prá lá de especial.
Lá no alto as esperanças se reacenderam no coração de todos que sonham que o Gandarela em futuro próximo, será um lugar de todos e para todos.
Avança Gandarela!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Gandarela: o Avatar é aqui!


Gandarela : o Avatar é aqui

Paulo Baptista *

Tal como no filme de James Cameron, a região da Serra do Gandarela vive hoje uma disputa entre a cobiça por lucros cada vez maiores e a necessidade de preservarmos o patrimônio socioambiental de um paraíso ainda intocado. O Gandarela abriga a área mais significativa de campos ferruginosos e de mata atlântica no Quadrilátero Aquífero, que suporta o maior volume de águas subterrâneas e nascentes de água pura da região central do Estado. No Gandarela estima-se estarem armazenados cerca de 1,6 trilhões de litros de água potável, cuja recarga pelas chuvas é feita através da couraça de canga ferruginosa que recobre seus pontos mais elevados. A sua proteção é estratégica para o futuro da Região Metropolitana de Belo Horizonte: as águas do Alto Rio das Velhas, alimentadas em parte pela vertente oeste da Serra do Gandarela e captadas na estação Bela Fama, em Nova Lima, abastecem 60% da demanda de água de Belo Horizonte e 45% da RMBH.

Esse patrimônio hídrico tem um valor econômico que pode ser estimado hoje em centenas de bilhões de reais, se pensado como reserva para o abastecimento futuro da população. Nas áreas mineradas, entretanto, essa camada de canga, que abriga ainda um ecossistema de elevada biodiversidade e alto grau de endemismo, ou seja, com espécies cuja ocorrência é restrita a poucos locais e portanto extremamente vulneráveis, é explodida e descartada como “material estéril” para se explorar o minério de ferro, destruindo a vegetação e prejudicando a recarga e proteção dos aquíferos ali localizados.

A criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela visa proteger não apenas essa enorme riqueza hídrica e de biodiversidade mas também um cenário de belíssimas paisagens, em uma localização privilegiada pela sua proximidade a Belo Horizonte, Ouro Preto e os santuários do Caraça e da Serra da Piedade. Sua implantação criará condições para que a população dos municípios integrantes possa desenvolver atividades econômicas ligadas ao comércio, turismo e à economia familiar, de maneira sustentável e permanente, ao contrário da exploração mineral, que em menos de vinte anos esgotaria as reservas de ferro, deixando para a população apenas a degradação da região e uma série de conflitos sociais, como nos mostra a história recente de vários municípios de Minas Gerais, como Itabira, Barão de Cocais, Congonhas e Conceição do Mato Dentro.

A indústria da mineração em Minas Gerais tem sido beneficiada há muito tempo por uma legislação anacrônica que permite a exploração predatória das riquezas pertencentes a toda a sociedade por empreendimentos privados que deixam para a população um gigantesco passivo ambiental e social. Os impostos arrecadados pelos municípios e pelo Estado, bem como os empregos gerados localmente, são irrisórios frente aos lucros dos empreendedores e à destruição irreversível do meio ambiente. Para as empresas de mineração, o Gandarela seria apenas mais um número a ser acrescentado à extensa lista de minas já exploradas e não recuperadas: os lucros que ali seriam obtidos significam um pequeno percentual frente a tudo que já foi e continua a ser explorado em várias outras regiões de Minas Gerais, sem realmente aumentar a dignidade e a qualidade de vida da população.

Para o nosso patrimônio socioambiental, hídrico, paisagístico e de biodiversidade, por outro lado, a preservação da Serra é, como no filme, uma questão de sobrevivência futura: o Gandarela é a última grande reserva natural intacta no Quadrilátero Aquífero e sua exploração pela mineração destruiria o pouco que ainda nos resta das formações de canga na região, podendo comprometer o abastecimento futuro de água da RMBH e cidades vizinhas.

O Gandarela é “a jóia da coroa”, um local extremamente privilegiado em seus atributos ambientais e em suas paisagens, e como tal precisa ser preservado para que nossos filhos, netos e bisnetos possam usufruir de todas as suas maravilhas.

* Fotógrafo e professor da Universidade Federal de Minas Gerais


Publicado originalmente no jornal do Gandarela

sábado, 12 de novembro de 2011

Semana Gandarela



De 16 a 20 de novembro teremos a semana de eventos na bacia do alto Rio das Velhas em apoio à criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela e à preservação das serras e mananciais de água da região metropolitana de BH e Minas Gerais. A abertura será em Caeté na próxima quarta-feira, dia 16, a partir das 9:00 h, no pátio externo do ginásio poliesportivo, com a exposição "Gandarela Itinerante" do Projeto Manuelzão e Museu de História Natural da UFMG.

Na exposição os temas a serem trabalhados com o público serão os seguintes:


- Bioindicadores da qualidade da água
- Peixes da bacia do rio das Velhas
- Àgua - quantidade e qualidade
- Relação saúde-meio ambiente
- Exposição Gandarela


Maiores informações:

www.aguasdogandarela.org

movimentogandarela@gmail.com

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Tombamento do Centro: descaracterização avança.



O processo de verticalização de Caeté parece ser uma realidade, apesar de tantas áreas e lotes vagos para expansão da cidade. Os prédios surgem aqui e acolá, alguns mais altos sem equipamentos obrigatórios como elevadores, revelando uma total falta de observância do Código de Obras e das normas de acessibilidade. Mas essas edificações não se restringem às regiões de comércio da cidade, como a Pedra Branca e já avançam para o Centro, caracterizado por edificações mais antigas, algumas históricas, além de prédios públicos. Pois bem, recentemente parte do Centro foi tombado pelo Conselho do Patrimônio de Caeté, tombamento que com certeza traz diretrizes que devem ser observadas quanto à proteção dos imóveis relacionados ao mesmo e do conjunto que não pode ser descaracterizado. Como exemplo temos a recente polêmica em Belo Horizonte que levou o Ministério Público e o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico a intervirem e paralisarem a construção de um edifício de 15 andares na área tombada da Pampulha. Em Caeté, em relação ao tombamento do Centro parece que o cuidado não é o mesmo, basta ver o prédio que está sendo erguido na Rua Getúlio Vargas, que já se chamou Rua Direita (toda cidade histórica de Minas tem a sua Rua Direita com placa e tudo, menos Caeté), perto da rodoviária, destoando completamente do casario em volta, inclusive a histórica matriz. Será que o Conselho do Patrimônio foi consultado antes da aprovação da obra? Provavelmente não. O governo municipal fez propaganda e com certeza já está recebendo recursos do Estado, atrelados ao ICMS, devido ao tombamento, mas e quanto à destinação dos recursos e medidas que sigam as diretrizes, como ficam? Com a palavra os responsáveis.